terça-feira, 21 de dezembro de 2010

O alfinete

Havia uma mesa, um pente e uma cadeira.
Alguém afastou esta e sentou-se calmamente.
Alguns dedos, sem querer, derrubaram da mesa um alfinete comprido que havia aparecido ali quase que de repente.
Foi um som baixo, mas para o tamanhozinho do alfinete estava até muito alto, e reverberou por um longo tempo. Tudo antes havia sido silêncio. Poder-mos-ia imaginar o objeto tremendo-se no chão. O som parecia ser de um piano taciturno e teria subido aos ouvidos em círculos. Era algo muito curioso.
Quando dois pares de olhos amarelados instintivamente jogaram-se ao chão para buscar o alfinete, este já havia desaparecido, igualmente como havia aparecido, quase que de repente.

Por: Ítalo Héctor de Medeiros Batista

sábado, 18 de dezembro de 2010

Sem mudanças com a morte


A casa continuava na mesma sintonia, não aparentava ter havido ali uma morte na noite passada. Nós ficávamos perguntando como pessoas tão tradicionais poderiam permanecer tão irremissíveis como as mulheres e o homem naquele lar. Através das paredes escutávamos os risos e as conversas alegres de todos os dias, porque a morte seria agora um marco, como se delimitasse um tempo antes de ter acontecido o fato, e um tempo depois do fato ocorrido.
Os quinze dias finais foram limitados a um leito de cama hospitalar, onde só poderia comer frutas e legumes verdes ou se preferisse, uma sonda que lhe alimentaria com um líquido alvo e mal promovido de cheiro, mas que garantiam ter toda validez que ela precisava.  E era uma mulher forte, porém o tempo cumpriu o seu papel, deixou-a raquítica e pálida, com pele flácida e olhos sem visão; tudo o que ela mais amava em seu corpo havia sido destruído, e nem assim ela perdia a fé em viver e a força de vontade em lutar.
Não foi possível casar-se. Ela dedicava-se muito ao trabalho, e, portanto era muito atarefada em suas artes de costura para tirar do seu tempo alguns instantes para os homens que lhe faziam a corte, mas que não lhe agradava em nada. Viveu e morreu pelo trabalho, porém ficou impossibilitada de trabalhar seus últimos tempos, mas sua irmã cuidava de tudo, principalmente do seu dinheiro, pois seu interesse estava depositado naqueles tostões que recebia de sua aposentadoria gerada por invalidez e velhice. Sofreu um bocado, mas segundo seus familiares, após sua morte ela pôde descansar com sono eterno, viver da maneira que queria (festiva), sorrindo e brincando como desejava em vida.
Tudo não bastou, o que nos impressionava estava ligado à conseqüência gerada pela sua morte, e por um acontecimento tão triste não ter gerado nenhuma inflação em ânimos dos parentes. Os amigos daquela pobre mulher observavam em seu velório o comportamento de sua irmã e afilhada que tentavam alterá-los, mas o fingimento era sempre cortado com uma conversa nova que surgisse no ambiente, isso gerava certo comentário interno entre todos os presentes não-familiares, e também os que não a conheciam, mas andavam pela rua naquela noite e via tudo o que se passava num completo estado de nostalgia. 

Em memória a Josefa.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Cêu Céu

Sinto a necessidade de contar esse céu aqui, já que inúmeras vezes perdi a oportunidade de contar outros céus – ou contei, mas os perdi. –, e porque talvez até o final de minha vida eu jamais encontre um igual a esse.
No anoitecer do dia quatorze de Dezembro, ano 2010, via-se um mesclado de cores vívidas acima de nossas cabeças. No Noroeste, a noite já chegava, eram umas 18hrs: 18min, e, por tanto, o azul era bem escuro. Nos limites da lua, que se posicionava bem acima de mim, no zênite, as cores já iam mudando, tornando-se de um azul escuro, mas não tão escuro como o da noite, talvez um azul marinho, e nele riscavam-se nuvens muito magras. Pode-se dizer que tais nuvens estavam por todo o céu.
    Após o azul marinho encontrava-se esta cor, sendo um pouco mais claro e bastante selvagem. Estava realmente iluminado, como se fosse projetado por uma lâmpada neon e já se encontrava algumas estrelas. Normalmente, havia os riscos de nuvens...
    Esticando-se a cabeça ainda mais um pouco para o oeste, estava-se evidente que um simples azul aconchegava-se entre o seu amigo selvagem e aquele que era ainda mais claro.
    Essa última cor ainda estava bem mesclada com horizonte, que era um pouco iluminado, mas não havia sol, por tanto, acho – é que não me recordo muito bem, talvez porque acabei me interessando mais pelos ventos frios que me rodeavam ferozmente. – que o laranja do pôr-do-sol já não estava mais presente.
    Agora a pouco, uns minutos antes de esses pernilongos estarem me tirando a paciência e o sangue, vi uma das mais belas noite. Dá-me até uma vontade de ver de novo – acabei de ver pela falha brecha da porta e não gostei! Era tudo um cinzento de nuvens más, um alaranjado que não sei de onde veio!
    A noite que eu havia visto era bem escura, muito mesmo. E, ao contrário do que vi pela brecha da porta – e não se engane ao pensar que não vi tudo que eu poderia ver se estivesse fora de casa. –, havia várias estrelas, tendo uma delas me chamado muito a atenção. Mas antes que eu me empolgue com tal estrela, vou logo falar do céu e depois dou um jeito de meter no assunto o corpo celeste.
   Como já foi dito, tudo era bem escuro, a não ser o horizonte oeste que, de algum modo, por trás das nuvens muito brancas que, não sendo pela cor, pareciam montanhas, estava bem claro, de uma luz muito branca também. Para ser bem sincero, acho que as nuvens só estavam brancas por causa da tal luz, que de tão forte, mesmo escondida, ainda refletia-se e mostrava-se para meus olhos.
    Voltando ao Noroeste, tudo ainda continuava bem escuro como sempre havia sido desde as 8hrs: 18min. Não se via mais lua alguma, e a nuvens corriam soltas e muito rápidas. Mas essas tontas não se comparavam nenhum pouco com as que se pareciam montanhas.
    Escrevendo sobre estrelas – e estas se agruparam num único ponto. –, que de algum modo não foram escondidas por nuvens – talvez porque estas reconhecessem que os pontinho brilhosos eram realmente bonitos e então não podiam ser apagados. –, brilhavam intensamente, como o céu de azul selvagem, projetado por lâmpada neon. Mas uma estrela específica me chamou muito a atenção. Não sei ao certo o porquê, talvez pelo fato de que seu brilho parecia bem mais genuíno do que as das outras. Havia um ponto muito forte, branco e grande no meio, e nas pontas, as linhas que apontavam para todos os cantos eram bem fininhas. Era uma estrela única.
    E tenho que dizer uma coisa muito importante: assim que eu iria me virar para entrar e nunca mais voltar a ver o céu como tal estava, uma coisa impressionante aconteceu. Uma estrela cadente. Foi nesse momento que eu pude perceber que eu era realmente feliz, e que as coisas que eu mais desejo de coração sincero iriam acontecer.
    Meloso assim como estou, aqui vou finalizando o meu contar sobre o céu do dia quinze de Dezembro de 2010, e me perdoem se me esqueci de algo, mas é que estou com sono e tenho memória falha.
    O céu é diferente para todos e, mesmo assim, muda constantemente para uma pessoa só.


Por: Ítalo Héctor de Medeiros Batista.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Uma carta sem sentido para alguém

Eu poderia lhe recitar palavras num momento tão perfeito como este, mas já é madrugada, e você não está tão presente como eu desejaria. E ainda que estivesse pertinho de mim, as palavras talvez não saísse, e me deixariam como sempre sem ter como agir. As palavras sempre são uma armadilha para aqueles que não conseguem completar o que dentro de si se manifestam, as coisas saem com um grau de intensidade enorme, e acabam por desmerecer os momentos mais simples que possam existir. Mas, ainda assim há necessidade de compreensão, e a maneira pela qual você me deixa falando sozinha, ou até busca contornar a minha forma cansativa de expor o que eu acho que esteja correto, me magoa, fere de tal forma magnífica, ela chega sem motivos, e quando dou por mim, elas ultrapassam as vertentes do que eu deveria controlar. Na verdade eu sempre escondo coisas de você, tentando evidenciar somente o que nos for realmente necessário, não quero acabar como tantas outras que buscavam melhorias em você, mas te faziam perder a vontade de tê-las por perto, e a falta de entendimento poderia nos prejudicar muito. E não pense que eu escondo segredos, escondo ou não exponho por não querer encher sua cabeça com problemas banais, com atitudes mimadas da minha parte, que só fazem de certa maneira aumentar o foco das mesmices do meu dia-a-dia. Deposito tanta coisa em você, e com a sua gentileza eu posso acreditar que não lhe faço mal, acredito que não lhe faça mal, porém elas poderiam tomar um rumo de solução sem que chegasse a você como um problema a ser resolvido a dois. Mesmo assim penso de uma maneira conjugal, somos ou não um casal?

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

E no fim

Faça-se de uma flor pra mim.
E seja o que for, de mansinho,
toca noutra flor com carinho
mas volte no fim.

Por: Ítalo Héctor de Medeiros Batista

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Suspiros Raivosos

Eu me sinto angustiado. Sinto-me preso a uma cadeia de emoções que vem e que vão; que são esquecidos, depois perdidos; angustiados, retornam nuns suspiros desses que trazem como companhia uns pensamentos que depois fazem com que eu me sinta envergonhado pelo que ousei imaginar; ou acontece que eu nem suspiro e nem nada, apenas me perco em meus pensamentos e em minhas lágrimas, “absortando” por meio de mais, e cada vez mais, sentimentos.


Por: Ítalo Héctor de Medeiros Batista

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Extravagância

Possuir o seu corpo, navegar nos seus sonhos e levantar hipóteses certas dos seus pensamentos. Eu preciso que você me ame na mesma fantasia louca que eu te amo, e mesmo que eu não consiga tudo isso não irei desistir, mostrarei valentia em minhas atitudes, e enxugarei minhas lágrimas, precedidas de uma risada extravagante que eu darei quando você me implorar paciência, porque mesmo sendo impossível o que você me pede, eu vou acabar louca, muito mais do que você diz que eu seja.

sábado, 20 de novembro de 2010

Quente e Terno

Um alguém esperava um ônibus num lugar qualquer, essa seria a melhor alternativa para alguém poder pensar e aproveitar o tempo, para tentar descansar e descarregar todo um sentimento que há pouco havia velado. Foi num dia quente, e, normalmente, o céu estava azul. As nuvens eram como sempre foram – aparentemente brancas.
O ônibus veio se aproximando, mas agora havia duas pessoas, que eram jovens e que nunca haviam se visto.
Na correria do dia, essas duas pessoas foram se aproximando da entrada do veículo, e algo que foi pedido por ambas para que não acontecesse, aconteceu! No momento em que uma se “preparava” para subir no transporte, a outra fazia o mesmo, e foi tudo sem querer.
- Poder entrar primeiro. – um disse, mas fez isto com um sorriso envergonhado e feliz – por incrível que pareça – no rosto, o que deixou o outro um pouco mais envergonhado, no entanto, também encantado. Vale dizer que aquele que não havia dito nada, ficou por assim mesmo. Diante do nervosismo, esqueceu de pedir obrigado, e então, como forma de tentar mostrar que estava realmente agradecido, no ônibus, passou toda a “viagem” sorrindo, e para tua surpresa, esses sorriso realmente tinham motivo.
O primeiro: Alguém tinha sido muito belo.
Segundo: A poeira da cidade, as folhas, os panfletos, o sol, o vento, as pessoas – e inclusive as nuvens –, tudo caia no asfalto e dava um belo de um espetáculo. A cidade se transformava lentamente numa luz laranjada e brilhosa, o vento levava as folhas caídas, que bailavam como dançarinas, para o chão e depois para o céu, retornavam ao chão e depois iam ao céu ou uma pessoa. Tudo era muito bonito e o clima estava esfriando...
A noite flertava e as luzinhas coloridas encorajam o sentimento. Tudo era muito agradável, e o choro seria uma ótima companhia. Não havia mais motivos para se incomodar. Não havia mais mortes para chorar. Não havia coração para se machucar. Não havia mais um amor que ficaria apenas para recordar... Não havia... Ao menos neste instante não havia no que pensar, pois o mundo queria dum alguém apenas a admiração, e isso seria o bastante.


Por: Ítalo Héctor de Medeiros Batista

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Coragem e pudor para entender

Novembro sempre lhe remetia tristeza. Todo ano acontecia alguma coisa naquela data frustrante de nomenclatura vinte e três; e mesmo sendo em pleno verão, onde a estação costumava esquentar o sentimento das pessoas, com ela não, tudo acontecia diferente do esperado. E ela não gostava dessa idéia de ser diferente, passar pelas pessoas e ser percebida não pelo o que realmente queria, mas o que sua imagem costumava refletir aos outros. Estranhos ou não, esses indivíduos que a observava, acabava por lhe incomodar, e como sua vida estava de “pernas pro ar”, ela resolveu silenciar e não se perturbar com esses olhos monstruosos que lhe vigiava os passos.
Noite por noite ela derramava uma lágrima pela sua solidão rotineira que lhe fazia findar os olhos em completo desespero. Em determinados momentos seus refúgios ao ar da brisa molhada, incentivava sua melancolia em não possuir o que queria, e por motivos banais, podendo até ser depositado em seus êxitos de fracasso pelo medo de mostrar o quanto era grande seu coração. Calava, tentava irresistivelmente reverter a sua condição penosa, mas mesmo assim o deus que acreditava não estava sendo invocado tão fortemente como as pessoas amigas lhe diziam, e ela tentava pensar que não, porque se assim fosse, não poderia ter conquistado o que mais desejava em sua vida, e essa vitória não se deu por rezas, porque ela não acreditava em rezas, e sim em buscas inesperadas e também em sua fé.
E os dias passavam. Não agüentava passar sua vista nos ponteiros do relógio e ver que por ela, eles nada faziam. Cruel. Não pensou em desistir, por mais que tantas vezes o desespero batesse em sua porta, e intercedesse pela sua desistência nessa situação ao qual se encontrava sem solução. Por muitas vezes pensava não ter fé, mas eram nesses momentos de profundo declínio que as faces se mostravam claras, e trazia a ela que nada material poderia fazê-la desistir, aliás, ela era tão forte espiritualmente, sendo possivelmente doloroso de aceitar, até porque a força de vontade que tinha não simbolizava completamente nada, o que lhe deixava sem ânimo, revertido talvez, mas que não lhe proporcionava o melhor do seu dia. A continuidade dos fatos não poderia ser contada de outra maneira, porque além de tudo, ela não era a menina sem defeitos como muitos pensavam que ela fosse; era normal, cheia de imperfeições, repleta de fantasias e assim como poucas pessoas, tinha sorte de possuir um grande amor.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Diário

“É um diário? Ah, deixa-me ver, por favor!”; e então se desvencilhou do braço, do abraço quentinho. Sua boca moldava um teatro infantil que era lindo. Seu longo cabelo cheio, ondulado e castanho cheirava muito forte, era muito bom. Mas o outro humano queria que deixasse logo o lindo teatro para poder retornar  ao lugar que ficava entre seus braços, no peito.
As duas pessoas miraram o pequeno caderno que estava entre os dedos de um deles, e logo depois se olharam sorrindo. A outra falou:
“Talvez um dia, quando eu puder. Não irei me esquecer de você, será a primeira a quem vou mostrar. Fico muito feliz por saber que ao menos uma vez alguém quis descobrir quem verdadeiramente sou.”

Por: Ítalo Héctor de Medeiros Batista

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Crônica de um morto vivo.

Alta madrugada. Eis a cinza do cigarro representando a sua desgraça que mesmo apagada tem a necessidade de gerar um incêndio relembrando e amaldiçoando tudo aquilo que tentou construir. Como uma praga, uma sujeira, uma mancha que não pode ser limpa. Uma mancha que está cravada para sempre em rosto deformado e desfigurado por uma traição que assim como a sua beleza, levou o único ser que já foi capaz de amar.
Havia então a ânsia de gritar, de absorver a alma de prostitutas quaisquer, na sede do tejo de suas pernas encravadas, no ímpeto ilusório da afirmação de ser homem e ter que cumprir tal papel.
Ela. Cuja memória se esvai na voz de prazer de vários homens, dança num quarto onde uma parede composta de um espelho cego a separa dos desejos insatisfeitos de ver e não poder tocar de um macho qualquer. Justo em contra posição a sua cegueira de faces, ainda consegue ouvir a voz rouca e rasgante de seu conjugue gritar no trailer que pôs em chamas. O mesmo aonde foi amarrada, lhe foi arrancada pele, carne, sangue e dignidade pelo ciúme do desgraçado que por razões que não entende, não consegue esquecer.
Hoje, a distância dele e do filho, cola seu corpo no lar cujo metal se desfez. A voz do esposo agora se faz em gritos e é sussurro de gemidos de homens que agora a pagam. Pagam por satisfazer desejos acalados, silenciados e alimentados daqueles homens demasiadamente humanos. E os faz, não por não ter escolha. Os faz, por satisfazer também seus desejos sujos e indignos (indignos apenas para os/as hipócritas). Os faz, porque no metal da pele daqueles homens sente seu corpo arder, suar, queimar em arrependimento na dança dos corpos. Os faz, porque sente estar deitando com o homem que amou e que hoje se faz pó. Assim como o que restou dela.
Ele. Na ponta dos cabelos dela, morenos antes. Respira a liberdade enroscado em um sentimento falso, mentiroso, capaz de destruí-la com apenas uma frase. Uma verdade que é incapaz de contá-la, permanecendo às escuras, destruindo e criando um homem que só existe na presença dela. Carne sedentária, íngreme e impetuosa abrange em pele, veias e sangue sua vontade incontrolável de consumir como um parasita todo o êxtase impregnado como cheiro de cigarro na voz dela ao ouvir que o ama. Mesmo que se contenha em penumbras de oscilação de desejos luxuriosos. Mesmo que se contenha em contar que ali se faz presente seu homem, ou parte desfigurada do que restou dele.

Um marco

Sua pressão arterial havia subido muito. Depois daquele enorme dizer ela não sabia controlar seu coração e a pulsação que conduzia a velocidade de seus batimentos cardíacos. Sua reação poderia não ter sido uma das melhores, até porque ouvir algo daquela espécie era como conquistar a vida e a vitória de ter vindo e vivido o que realmente queria. Agora já poderia morrer, mas morreria realizada por tudo que estava fazendo ao lado dessa pessoa.
No dia anterior tinha escutado que ele era uma ótima pessoa, e ela não havia escolhido errado a quem deveria amar. Uma experiente tinha lhe dito o que passava em sua cabeça há séculos, poderia até ser citado que aquilo rondava a sua cabeça antes mesmo de tocá-lo, porque a certeza não era em vão, era algo imaterial.
Nada explicava o que acontecia com ela quando se aproximava dele, e sentir o seu rosto sonso observando os seus contornos era algo familiar, mais que carnal, eles já se amavam antes mesmo de nascerem.
Não foi preciso palavras no momento que antecedia sua revelação, a respiração paralisada dele foi o bastante para alertar que algo de novo iria acontecer, e quando antecedia sua fala por um silêncio curioso, ele não se continha, sabia da inquietação dela, e assim desabafava o que estava preso na sua garganta. E não foi diferente quando ele soletrou aquelas palavras com o olhar baixo, como se estivesse direcionado para os lábios dela, dizendo tímido e perguntando ao mesmo tempo se ela conseguia entender o que se revolucionava em seu peito. Nada o que ela temia lhe atingia naquele instante, e mesmo sem conhecer o futuro que tinha nas mãos, ela já se entregava por inteira, e estava protegida.
E depois daquele imenso carnaval em seu coração, em que ela poderia contribuir? Retornar a sua fala, repetindo o que ele havia dito, mas ela não estava pronta, tremia, só não chorava como imaginava que iria acontecer. Morria de medo que ele não entendesse o que ela estava sentindo, ela resolveu falar, e como falava demais, foi explicando o que estava sucedendo aquele marco em sua vida, e fez até uma comparação horrenda com um marco histórico, e deitado em suas pernas, ele mostrou um sorriso meio de lado, e levantou, beijando-a e abraçando-a como se tudo estivesse resolvido, mesmo sabendo que o seu futuro poderia atrapalhar a alegria que ela estava compartilhando com ele naquele momento, e alguns minutos atrás tinha tirado dela lágrimas sangrentas, aliás, ela sofria muito em pensar que tudo o que poderia afastá-los se resumia em tempo e espaço. Mas ele não se cansava. Repetia para deixá-la confiante que nada poderia separá-los, nem mesmo a morte!

A política

Uma “buzina” soou. Era um meio-dia quente.
O jovem correu para a porta, esbarrou em alguns objetos e viu, sem querer, a pobreza de sua casa mal iluminada e cheirando a mofo – era uma sensação pesada e sofrida que descia do ar.
Preocupado apenas em atender o mais rápido possível àquele som que lhe chamava, correu com as chaves na porta e a abriu rapidamente; num instante aquela luz brilhosa e fervente invadiu-o o coração e os olhos. Sue corpo suava e logo estava quente, avermelhando em algumas partes; ocorreu-lhe que precisava de um vento, estava tão quente que parecia arder – foi imediato que o futuro procedeu.
Rapidamente, alguns pontos do seu corpo pareciam abrir e efervescer nos extremos. A dor penetrou-o e parecia percorrer seu corpo como uma serpente. Seus olhinhos vacilaram e ele nem tinha visto o que tinha acontecido. As últimas coisas que ouviu foram fortes barulhos secos como se estourassem. Sua última lembrança do mundo o sal e o sol que brilhava no céu.
“Nem viu quem ou o que tinha feito isto.”Ao menos suas preocupações já não serviriam de nada e então poderia ficar em paz.
Seu corpo foi pendendo para trás e o coração parecia um vulcão em erupção em que escorria uma larva vermelha, de cheiro tão forte e tão cheia de sofrimento e amor.
Suas roupinhas velhas que mal cambiam tinham mudado um pouco de cor – mas não importava mais.
Caiu e seu corpo esperou alguém chegar e vê-lo cheio de pena. Esperou por uma mãe que só encontrava a felicidade e o conforto de uma vida cruel num filho que era INOSCENTE de um voto mentido – Era a corrupção pelo direito. Mas não podia mais... Estava morto.

Por: Ítalo Héctor de Medeiros Batist

Silêncioso

É um texto sem fim e vontade.
São pensamentos, razões... Às vezes sem sentido, elegância, e que de vez em quando me curvam.
São aquele que já nascem esquecidos, tendo com base a minha falta de – este foi isso.
Faltavam-me motivos, educação e tudo aquilo que faz as pessoas pararem de se assustar, de sentar ao lado de alguém que nem sabemos se gostamos, mas queremos ficar por perto.

Por: Ítalo Héctor de Medeiros Batist

sábado, 23 de outubro de 2010

Sua dor

Aquela menina no qual temia ter sonhos acabava de acordar de um deles, e mesmo que aquele sonho fosse o primeiro e o único da sua vida, ainda assim acordava feliz com a vida, porque agora muito melhor do que antes, seu erro lhe ensinara e não amaldiçoara a alegria, como sempre acontecia.
Acabava de acontecer um momento inesquecível. Ela aprendia a dividir seus dias, suas alegrias, suas felicidades, e como toda moeda tem suas faces, aprendera também o mais difícil: mostrar seu lado escuro, nem que assim tivesse medo das pedras que iriam lhe ferir.
E como o rumo das coisas não costuma acontecer como o esperado, àquela menina alguns minutos depois voltava ao comum. Ia em busca do seu walkman, num refugio próprio, deitada no sofá de casa, olhando pro teto, vivendo com aquele ambiente escuro, escutando sua música triste, enxugando suas lágrimas, lágrimas derramadas sem motivo, pois o que lhe incomodava naquele instante era apenas sua dor.

domingo, 17 de outubro de 2010

Sobre o papel e pensando

Acho que descobri meu mistério, o porquê de ser tão assim. Penso que o fato de querer que tudo fique em letras escritas e de que isso fique tão bom quanto posso ser, acabam por as próprias coisas, sentimentos de que quero argumentar, me cansando. E agora tenho uma leve impressão de que há aqueles que não devemos tentar descrever, pois são esses que devem para sempre ficar nos nossos mais segredos e naquilo que dizemos para ninguém mais além de nós, pois todos somos obrigados a pensar em nós mesmos a todo o momento.


Por: Ítalo Héctor de Medeiros Batista.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Destruição

Foram feitas muitas perguntas, e todas elas ficaram sem resposta, elas não tinham o que esclarecer, tudo estava tão óbvio naquele instante sendo até possível tirar a voz de quem fosse interrogado. E as perguntas não foram esclarecidas naquele ambiente, as pessoas estavam paralisadas e prontas para mais uma batalha de forças consigo mesmo. Refletiam raios de Sol nas faces amareladas de cada um ser, eram raios de solidão, pois, ninguém se atrevia falar nada, nem ao menos se olhar.
Então o silêncio foi cortado, não por palavras, mas por pensamentos. Uma delas resolveu imaginar que a distância pudesse permanecer se ela fosse fria o bastante para matar cada saudade que viesse lhe perturbar, já que então a tristeza que reinava dentro de si mesma estava tomando conta da sua alegria pequena.
Sentidos tais pensamentos, ela abriu os olhos, olhou em sua volta, e percebeu que tudo o que havia pensando não passava de uma imaginação horrorosa, porém que pudessem virar realidade se ela não corresse à busca da felicidade, que batia dilaceradamente em sua porta. Ela não perdeu tempo, correu e se cansou.
O que estava acontecendo agora? Por que qualquer partícula do que ele falava estava agravando tanto a sua tristeza? Ah. Tiveram respostas dessa vez, todos resolveram quebrar as “taças” daquela festa silenciosa, e, portanto deixavam vivas as memórias daquela criatura que não chorava por não ter mais o que sentir de ruim. Ela estava completamente acabada, o seu desespero agora não tinha mais razão, já que então as horas estavam passando, e todas as vezes que lembrava que aquele final de ano se aproximava se destruía um pouco mais.

sábado, 2 de outubro de 2010

Compreensão de mulheres

Havia duas mulheres, grandes em personalidade, duas guerreiras cansadas do tempo que tiverem antes de chegar até aqui. E depois que chegaram nada mudou, aliás, tudo piorou, ficaram ainda mais tristes e não se entendiam mais. Parecia mais o final do relacionamento das duas, não que fossem homossexuais, mas queriam uma o amor da outra.
Mesmo o sofrimento e todo o tempo que passaram juntas não foram capazes de fazê-las cessar as brigas, se entendendo de uma maneira amigável, achando uma solução de uma vez por todas concreta. Não foram capaz, elas eram grandes demais, orgulhosas demais e não poderiam se deixar cair em ladainhas pequenas, já que então o sentimento que guardavam uma pela outra era tão grande, capaz até de fazer com o que o orgulho viesse a falar mais alto.
Perderam tantas vezes a consciência. Falavam palavras fortes, tão fortes que depois de falarem, corriam pro quarto, e ficavam chorando, pedindo a Deus que a outra fosse capaz de baixar a cabeça e pedir desculpas. Mas tudo isso não tinha motivo, brigavam sem razão, e todas às vezes pareciam ser as mesmas, pois eram os mesmos motivos de sempre.
O que havia acontecido em tão pouco tempo? Elas agora estavam mais velhas, suficientemente velhas para se entenderem apenas num olhar vazio, mesmo que não dissessem nada, mas deveriam se entender. E é só isso que uma delas almeja a compreensão da outra.

sábado, 25 de setembro de 2010

Estou entregue ao destino

Hoje eu não estou com um pingo de vontade de escrever, e por ventura no meio de uma conversa cruel: a minha mãe e a minha tia estão falando ordinariamente de sexo. Tudo isso porque a minha tia tem problemas mentais os quais nos prejudicam, tirando da gente toda nossa paciência.
Não estou satisfeita, porque tenho problemas no amor, tenho problemas com a família, com a vida. Já não suporto a convivência tensa com essa rotina que me faz ser escrava da felicidade sem que haja uma merecida recompensa de tudo o que eu venho passando.
Os dias são dolorosos, e as minhas lágrimas estão escondidas por trás de sorrisos que eu mesma desconheço. Não acredito que exista um único motivo, mas sei que nada o que me faz sofrer é capaz de tirar de mim uma sequer alegria imensa.
Que Deus me guarde, porque meu corpo não existe mais de tanta fraqueza que venho passando.
Estou entregue ao destino!

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Mais uma vez

- Está começando de novo, e consigo sentir tudo acontecendo dentro de mim. Talvez, não sei. Parece-me tão horrível essa idéia quase impossível. E tudo por culpa, grande culpa, de uns olhos azuis. De outros olhos azuis. É como se a historia se repetisse.
- Ah! Eu sinto muito por você.
- Sentir. – Virou o rosto para o lado e falou taciturnamente- Eu acho que agora sinto, e como. Não está sendo o mais profundo, mas às vezes é bom cortar o mal pela raiz, compreendes?
- Sim, claro.
- Eu não queria, não queria. E já começo a me iludir, a pensar. Fica tudo tão idealizado em minha mente. Fico pensando em momentos certos, isso é tão horrível, são nesses poucos que toda a coisa cresce. Mas o pior não é apenas isso. Eu acho que estou sendo duplamente bobo. Porque, me entenda, e se forem dois? Já é tão frustrante a idéia de apensa um.
- Sei, sei. Mas, então, o que pretendes fazer?
- Eu? Não sei. Acho que o ideal seria amar. Mas, sabe qual é o pior? Eu tenho, no mínimo, dois motivos para não conseguir meu objetivo. Meu objetivo que não escolhi. Mas é claro que eu iria fazer isto, é minha cara coisas do tipo. Não posso ver carne nova. E, além do mais, somos tão parecidos em alguns aspectos...
-Te desejo boa sorte, ok? – E aquele que agora ouvia fez sair um sorriso forçado e de gratidão do rosto.
- Me deseje amor, por favor.
-Amor e sorte.
- É. Não sei. Talvez eu já tenha sorte só por amar. Mas não sei. É confuso para mim.
- Sei.- E sorriu.- desculpe-me, mas tenho que ir, eu quero ver o céu. Foi bom ter te conhecido, antigo desconhecido.

Por: Ítalo Héctor de Medeiros Batista

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Uma realidade antiga

Era a semana da independência em todo o país, obviamente setembro de 68, e todas as pessoas sentiam que o clima iria esquentar naquela primavera. Nós estudantes de direito e membros do grêmio estudantil de uma universidade do Rio, estávamos integrados a um movimento revolucionário, o MR-8.
O nosso cansaço era mais que imenso, e a nossa felicidade estava indo embora, pois agora tomávamos conhecimento da presidência do coronel Garrastazu Médici. Com a doença do Costa e Silva quem deveria mesmo tomar o poder era o regime socialista, livre de qualquer censura e rebeldia da época.
Fomos juntados pelo destino: soldados nos prendiam com algemas, e nos conduziam até um camburão, neste seríamos transportados até a base da aeronáutica do Galeão, onde todos nós seguiríamos para o México, afinal, éramos os "verdadeiros bandidos" do Rio.
Naquele clima de tensão, subimos naquele Hércules 56, nome do jatinho que iria nos transportar até a Cidade do México, e de lá não sabíamos até quando tudo aquilo iria repercutir.
Alguns de nós ainda sonhavam em conseguir fugir daquelas Forças Armadas, e assim dar como exemplo a prisão do outro resto que ali ficasse. Porém nada caminhou como o pensado, e todos nós fomos conduzidos ao México. Foram horas de cansaço, pois o piloto que nos levava perdia tempo dando voltas sem destino, até, enfim, tomar seu rumo.
Chegamos lá por volta das 14 horas, e fomos recebidos pelo presidente, que, ao subir no jato, pediu imediatamente que tirássemos as algemas, fato que marcou nossas memórias, aliás, éramos "perigosos" no Brasil, e bons jovens no México.
A imprensa nos fez milhares de perguntas, todos nós tínhamos enormes cuidados com o que falaríamos, pois qualquer ideia esgotaria nossas vidas.
Caminhamos, logo depois daquela sessão cansativa de perguntas, para onde ficaríamos hospedados por longos dias de exílio. E foi então que dois de nossos companheiros conduziram nossos destinos, mudaram completamente nossos dias, fazendo uma das mais arriscadas ações daquela época: o sequestro do embaixador americano.
Todo país, comovido com a ação, se surpreendeu, ainda mais, quando viu em manchetes de jornais, que no carro, onde nossos companheiros teriam fugido, existia uma carta que trazia como escritura a libertação de 15 presos mandados para o exílio no México. Aliás, nenhum brasileiro sabia que fomos mandados para o México como perigosos. Agora todos estavam avisados como a ditadura ficava violenta e repressiva a quem não obedecesse a ela.
Depois de todos os confrontos, fomos libertados e voltamos para o Brasil. Alguns de nós continuaram na luta armada e foram mortos como forma de tortura logo após alguns anos. Quanto ao resto, alguns não sobreviveram, outros estão vivos até hoje, para contar como se sucedeu o sequestro de um embaixador americano no ano de 68.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Os "jovens" problemáticos...

Eu reforço que tudo é relativo, e que tudo tem sentimento. Que escrevo porque vejo sentido, e que, às vezes, as coisas mostram mais sentido e significado do que intencionalmente fizeram, ou que de propósito esconderam.
A visão do magricela era comum. Uma lua crescente e amarelada em seu pouco preenchimento, um céu azul que guardava um pouco de laranja ao fim, e umas estrelinhas envergonhadas. Muito simples.
A laranja estava cortada em quatro partes, cada uma maior que a outra. Para o final sempre ficava, e o garoto sabia disso, a maior parte, aquela que é a mais difícil de engolir. Não era nenhum pouco de propósito.
Com um quarto da amarela nas mãos, o menino entrou no minúsculo terraço que ficava em frente à rua, avistando o céu do princípio, às vezes enxergando três metades bobas de laranja amarela.
Ele tomava cuidado para ninguém que passasse pela rua percebesse, achava muito complicado essas coisas de chupar laranja. Não era nenhum pouco educado fazer, achava; nessas horas era difícil ser chique. Quase impossível não ser “pobre”. Comparava o ato com o de “degustar” cachorro-quente, impossível não se melar! Então se escondia entre uma mordida e outra, sendo o mais silencioso possível – como se alguém pudesse escutá-lo.
Ao fim de cada parte, toda vez, ele cuspia o que chamava de resto – que na verdade não é resto, não pra mim, pra ele! - para fora do portão gradeado do terraço, que melava de laranja o chão sujo do quintal. Então foi se melando nesse fazer, escutando um Dylan e seu próprio ruído. Coitado. No final da pobre laranja – e ele nem fez o enterro. – não se sentiu saciado. O fantasma magricelo correu para o quarto, vestiu um blusão e foi direto à sorveteria.
Na volta, enquanto deslizava pelas ruas frias da cidade, tomava um “cascão” de três bolas de amendoim e uma de brigadeiro. Só sendo ele! Numa noite fria, quase gelada, tomando um sorvete enorme, de short de dormir e sem ligar para a vida e para os trombadinhas. Mas também, o que iriam levar do moleque? Um sorvete e o pequeno troco? Não daria nem para comprar umas pedrinhas. E antes que se questione, o celular ficou em casa. Se fosse assaltado, não queria perder o celular do qual nem gostava.
Então foi. Melando a boca e mordendo a casquinha. Sujando os dedos e se enchendo de vermes. Fazer o que, “né”?
Acho muito imprudente essa coisa de ser jovem. É quase um homicídio, no qual só existe uma pessoa que realiza todos os papéis possíveis. Sei lá, por isso prefiro ser adulto com contas para pagar, cheio de responsabilidade e compromisso, trabalhando o dia inteiro e comprando o que for quando tiver tempo. É muito melhor do que ser um jovem problemático que não consegue ver as coisas boas da vida, que não é educado e nem tem etiqueta², que só enxerga o simples e fútil.

Por:Ítalo Héctor de Medeiros Batista.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Se fosse animalzinho...

Se eu fosse um animalzinho
Para amar sem racionar
Se organizar e sobreviver
Viver só para amar


Se eu fosse um animalzinho
Perderia-me neste sonho
Que não tem errado nem correto
Se eu fosse um animalzinho
Deixaria de ser incompleto

Por: Ítalo Héctor de Medeiros Batista

segunda-feira, 26 de julho de 2010

A vida de agora

Minha telha não dá mais nem poeira
E parece muda nesse mundo que não é meu
Queria ter o direito de parecer viva
Sou minha telha que morreu.

Por: Ítalo Héctor de Medeiros Batista

sábado, 24 de julho de 2010

Homens

Um corpo delgado? Talvez seja isso que quase todos os homens gostam nas mulheres, e poucas vezes não importa o que elas trazem na cabeça (no sentido mais vulgar), o caráter passa despercebido e não se faz merecido de amor.
Forçadamente busca-se entender o que se passa no interior de cada pensamento masculino, mas que não resultam em bons resultados. A complicação tarda a aparecer pois a alma de um homem custa a compreender que existem pessoas ao seu redor, e que o ama dilaceradamente, e buscam nele a cumplicidade de um grande afeto.
Comoção é um dos fatores que não existem nas características deles, maioria investem na frieza, simbolizando no dizer do leigos "machos". E se foi este o padrão que a sociedade estabeleceu ao homem, acabou não satisfazendo as mulheres pois elas não buscam apenas proteção braçal, mas principalmente companheirismo.
Se eles reclamam não entender nosso parecer, deveriam parar e perceber, ou ao menos tentar buscar o que nos "fere", e assim reverter o que está errado, pois arrependimento não é sinal nenhum de troca sexual do prazer.
Confiem no sentimento que se propaga dentro de vocês!

domingo, 18 de julho de 2010

"Versinho" do desespero

Estou preso num caminho
E desse não se pode voltar
Começarei, de longe, sozinho
Esperando que a história não se repita

Caminho, Caminho, Caminho. Eu? Caminho.
Eu caminho.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Mudanças

Mudei. Talvez tenho sido por conta da convivência com outras pessoas, com nova gente, com novas faces. O tempo sempre transforma as pessoas, e muitas dessas transformações são especiais na minha vida ou de outras qualquer.
A passagem para o futuro foi rápida e está sendo, num piscar de olhos, eu olhei em minha volta e vi que nada mais era igual a antes, na verdade todos minutos são diferentes, eles nunca se repetem, sempre trazem novidades, e sendo elas como forem, nós um dia lembraremos ou não.
Os meus objetos e meus pensamentos acabaram se misturando com as minhas transformações, e muitas das pessoas eram para ficar gravadas em mim, mas não foram responsáveis por nada na minha vida, nada de muito importantes.
Fico a olhar o horizonte e não imagino como posso ser daqui a alguns tempos, mas sei muito bem como foi no passado e ele não vai repetir no futuro, pois onde estou, estou muito bem.
Traçando metas e imaginando possibilidades que hoje estou como estou, e comprovo tudo o que eu fiz sem me safar de nada que já me veio a acontecer. Repeti muitos momentos, mas em nenhum deles fui a mesma, fui sempre acompanhada diferentemente aos encontros, trazendo sempre um boa conversa e buscando sempre bons pontos em comum.

O tempo!

Ah, o tempo...
Aquele que modifica as pessoas fazendo com o que seus planos venham a fracassar. Não são todas, mas a maioria sempre buscam suportar a pressão que o tempo nos proporciona.
Tenho mãos de fadas, elas me servem, mas com o decorrer dos tempos elas vão parar, e sem você não vou poder dedicar meus pensamentos, as coisas lindas que saem de mim. O que eu posso fazer é cuidar de mim, ser feliz ao menos.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Escuridão que também é luz

As lágrimas já tinham o molhado todo, mas os olhos continuavam secos, comichando o sono e espreitando o lugar escuro.
Ele, dono dos olhos que sempre ardiam e molhavam, sentia-se estafante, estressado, talvez fosse culpado.
Vivia com muito tempo, mas dizia não ter, pois não sabia aproveitar o que tinha. Ele sabia disso. Talvez fosse mais estressado por saber a verdade do que por realmente “não ter tempo”.
Caia pensativo por entre as ruas, e seus pensamentos vinham – ele amava pensar, e as vezes pensava coisas e em coisas maravilhosas – e depois iam, eram esquecidos, isto também deixava-o louco.
Tinham certos momentos em que ele sentia raiva, mas não sabia exatamente de quê, por isso chorava. Não era frágil, chorava porque não tinha vergonha de mostrar o que realmente era, sentia por dentro. Nem que fosse apenas para si mesmo, era uma maneira de enxergar dentro de si. Era completamente verdadeiro.
Escrever. Ele nunca escreveu com o objeto de outros se identificarem com seus escritos. Achava que cada um era totalmente diferente, só mesmo cada pessoa para saber o que realmente acontece dentro. Portanto escrevia para si, e compartilhava com os outros como uma forma de ajudá-los a conhecê-lo. Secretamente sabia que cada era um enigma para a sociedade. E mais do que isso, ele escrevia para guardar seus pensamentos que logo lhe esvaziavam a cabeça. Escrever, antes de tudo, é conhecer a si próprio.
Então, deitado no escuro, achou que já tinha pensado demais, se emocionado demais. Pois a lágrima que tinha caído não era de dor, era de compaixão. Só precisava rolá-la para os lençóis e cair completamente na escuridão.

Por: Ítalo Héctor de Medeiros Batista.

EL'RECUBO

Ele estava no banco traseiro de um carro esportivo, o carro andava... Sentia-se mal por isso, não gostava nenhum pouco da idéia de ser o motivo que fazia o pequeno poluidor percorrer as ruas asfaltadas.
O jovem olhou, de dentro do carro, para o mundo que estava lá fora... Imaginou o monte de árvores que existiam antes de residenciais desmatarem aquelas áreas, antes de retirarem os frutos e aqueles vivos que habitavam por ali. Mas antes...
Então ficou lá. Pensou que Deus não criou edifícios, deu árvores – que dão frutos, remédios, sombra, conforto e até moradia! – e tudo que é necessário para se viver bem.

Logo após estava no centro urbano, numa ilha de calor. Olhou os gigantescos prédios. Não achou bonito. “Não posso sentir o vento em meu rosto.”
A paisagem daquele lugar era horrível. As pessoas, que eram fúteis, a todo o momento eram bombardeadas de propagandas. Parecia que gostavam! Isto dava para o masculino uma leve dor de cabeça.
É claro que para ele as coisas tornavam-se exageradas. Ele era exagerado.
O tempo avançou um pouco mais e logo estava passando ao lado de um lixão a céu aberto. Várias pessoas estavam “coletando” o lixo.
“Se tivesse sido feita uma coleta seletiva...”
Olhou de ladinho para dentro do carro e viu o tanto de sacolas de compras “desnecessárias”, nada era seu. Espreitou a mulher que dirigia em sua frente, e o choro tornou-lhe pelo coração, seu semblante fechado se molhou. As lágrimas pela briga, pela tentativa de fazer os outros não comprarem, não se excederem, não se perderem.
“Aqueles que deveriam guiar-nos, orientar-nos, são aqueles que precisão de educação, esclarecimento, Luz.”
O sistema... As indústrias precisam frear.
“Onde está o valor?”

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Reconhecimento

Tenho feito da minha vida um poço de alegrias, porém que derrama lágrimas escondidas, depois das suas palavras frias quando me disseram que na nossa relação havia um desencontro de sentimentos.
Perco muitas vezes a cabeça; destas últimas vezes eu não sei como tenho me apresentado, mas é que me falta o fôlego para continuar ao seu lado sem dizer no mínimo uma defesa que assegure que o meu sentimento é muito forte para aceitar calada tudo o que você me diz baixinho.
Há quem diga que eu quero sempre demais. Há quem diga que você gosta de mim, mesmo sendo aos escuros, mesmo sendo bem baixinho. Suportar o que se sente aos cuidados é uma tarefa difícil, é algo que vem de dentro, algo muito mais forte que o possível, maltrata às vezes, doe tanto, porém cicatriza em dois tempos.
Será que eu estou sendo reconhecida? Será que eu estou mesmo querendo demais? Devo mesmo está recebendo tudo o que muitas vezes eu fiz os outros sentirem por mim, e desta forma desesperada se jogarem ao sofrimento, fazendo com o que sua felicidade em me ter fosse acabada em lágrimas.