O nosso cansaço era mais que imenso, e a nossa felicidade estava indo embora, pois agora tomávamos conhecimento da presidência do coronel Garrastazu Médici. Com a doença do Costa e Silva quem deveria mesmo tomar o poder era o regime socialista, livre de qualquer censura e rebeldia da época.
Fomos juntados pelo destino: soldados nos prendiam com algemas, e nos conduziam até um camburão, neste seríamos transportados até a base da aeronáutica do Galeão, onde todos nós seguiríamos para o México, afinal, éramos os "verdadeiros bandidos" do Rio.
Naquele clima de tensão, subimos naquele Hércules 56, nome do jatinho que iria nos transportar até a Cidade do México, e de lá não sabíamos até quando tudo aquilo iria repercutir.
Alguns de nós ainda sonhavam em conseguir fugir daquelas Forças Armadas, e assim dar como exemplo a prisão do outro resto que ali ficasse. Porém nada caminhou como o pensado, e todos nós fomos conduzidos ao México. Foram horas de cansaço, pois o piloto que nos levava perdia tempo dando voltas sem destino, até, enfim, tomar seu rumo.
Chegamos lá por volta das 14 horas, e fomos recebidos pelo presidente, que, ao subir no jato, pediu imediatamente que tirássemos as algemas, fato que marcou nossas memórias, aliás, éramos "perigosos" no Brasil, e bons jovens no México.
A imprensa nos fez milhares de perguntas, todos nós tínhamos enormes cuidados com o que falaríamos, pois qualquer ideia esgotaria nossas vidas.
Caminhamos, logo depois daquela sessão cansativa de perguntas, para onde ficaríamos hospedados por longos dias de exílio. E foi então que dois de nossos companheiros conduziram nossos destinos, mudaram completamente nossos dias, fazendo uma das mais arriscadas ações daquela época: o sequestro do embaixador americano.
Todo país, comovido com a ação, se surpreendeu, ainda mais, quando viu em manchetes de jornais, que no carro, onde nossos companheiros teriam fugido, existia uma carta que trazia como escritura a libertação de 15 presos mandados para o exílio no México. Aliás, nenhum brasileiro sabia que fomos mandados para o México como perigosos. Agora todos estavam avisados como a ditadura ficava violenta e repressiva a quem não obedecesse a ela.
Depois de todos os confrontos, fomos libertados e voltamos para o Brasil. Alguns de nós continuaram na luta armada e foram mortos como forma de tortura logo após alguns anos. Quanto ao resto, alguns não sobreviveram, outros estão vivos até hoje, para contar como se sucedeu o sequestro de um embaixador americano no ano de 68.
Legal mesmo...
ResponderExcluirDe onde vc tira tanta criatividade heim?!
Muitooooo Boooom!
Ass:Sєяgιηнσ
Acho que o que devemos guardar são lembranças, e se eu as guardo, é porque tenho uma certa facilidade de criatividade. Não vivi na época, mas muitas vezes me sinto pertíssimo dela. Obrigado!
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