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domingo, 8 de abril de 2012

Vida, viva, viver outra vez


Hoje as pessoas na rua estavam feias. Elas pareciam cansadas, deprimidas, improdutivas, incapazes, passageiras, abundantes, expansivas, medrosas, iguais, invejosas, ambiciosas, etc., etc., etc., etc. Pensei que fosse o tempo, olhei pro céu e vi que as nuvens pareciam aborrecidas, iam chorar.
Observei o céu como sendo uma coisa divina, mas surgiu na minha frente, ali no ônibus, uma pessoa feia, assim como grande parte das pessoas existentes na minha cidade feia; cidade que tem filhos de uma única e grande coisa: a pobreza, esta pobreza que não é material, esta pobreza que tanto me dói, a pobreza da alma. Isso não significa dizer que eu estou fora desse bando, pelo contrário, eu me encontro redondamente inserida no mais profundo estado de pobreza: a solidão.
Porém, retomemos a pessoa que me surgia no ônibus – um homem –, este me pareceu menos ambicioso, menos malicioso, menos dependente das coisas que nos consomem, desse estado empobrecido, desse país de merda, desse continente abandonado e visado por “grandões”, que se sentem donos do mundo; e deste planeta condenado a sofrer com as coisas ruins que eu produzo e que você acredita, mas que todos nós acatamos de bom grado.
Pois bem, este homem, que nem era velho e nem era novo, me pareceu bastante comum, mas com uma diferença: em seu olhar o que reinava era a ingenuidade, não um símbolo do cifrão, que nós brasileiros usamos para representar este pedaço de papel em formato retangular, que vale muito mais que um sentimento verdadeiro, no qual recebe o nome de dinheiro.
E aí eu fiquei a me perguntar: “O que será meu Deus, que este homenzinho, que volta de uma rotina exaustiva de trabalho, traz no peito pra se manter exclusivamente ingênuo nesse mundo de deus-nos-acuda?”; enquanto me questionava, o homem ao meu lado, tentava buscar um jeito em que as sacolas, presas em seus dedos se desprendessem sem esbarrar em mim, uma desconhecida feia e mal-humorada, assim como aquele dia. Tudo aquilo me parecia vida, porque estando ao lado daquele moço eu sentia que nem tudo estava perdido, haveria então “salvação” para este mundo.
A dúvida de “qual era o segredo do homem” só aumentava, foi quando dei por mim, lendo desconcentrada a página de um livro. Eu já estava perto de casa, tristemente teria que descer do ônibus e nunca mais me sentir viva, como quando o homem castigado pelo mundo sentou ao meu lado e me mostrou sem dizer nada, que a vida é muito maior do que eu pensava!

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Vina

Vina era o apelido que recebia o rapaz do pequeno apartamento em frente ao meu. Na verdade, ele atendia pelo nome de Vinícius. O Vina era um rapaz alto, magro, loiro, olhos verdes e um sorriso sedutor.  Seus lábios eram como dois pêssegos, pareciam macios e delicados. Ele tinha uma namorada chamada por todos de Nicinha, mas batizada com o nome de Eunice. A Nicinha não era feia, tinha olhos grandes e cansados, como o dia de uma rotina pesada de trabalho. Sendo bem sincera... Ela não era de se jogar fora!
O Vina sempre saia de casa pela manhã com o seu saxofone embaixo do braço, voltava à noite, mas na maioria das vezes nem voltava. No início eu observava muito a vida do garoto, depois arrumei um emprego e cai pra rua também. Nós nos encontrávamos vez ou outra nos corredores do prédio onde morávamos. O prédio era situado numa zona periférica do Rio, algo bastante perigoso pra hoje em dia, porém nós vivemos por lá no ano de 87.
Como já foi citado, eu arrumei um emprego, este era no café de Ipanema, lá o ambiente era sofisticado, visitado por muitos “barões”, dominadores daquela outra zona do Rio, totalmente diferente daquela que eu morava. Nas tardes de trabalho, enquanto eu arrumava o balcão e a Dulce servia café aos velhos “mandões”, era possível ver o Vina passar com o seu inseparável instrumento, para tocar ali no apartamento do maior ídolo da época: o Cazuza.
Durante a noite, depois do trabalho, eu topava com o Vina no metrô, nós conversávamos pouco, porque ele nunca gostou de papear comigo; talvez ele fosse medroso por conta da namorada, ou sei lá o quê.
Lá no prédio também tinha o maluco do “Dream”, pode parecer estranho, mas aquele louco tinha o mesmo nome do Vina – Vinícius –, porém ele preferia ser chamado assim, pois fazia alusão ao seu idioma preferido, além de vê-lo sempre falando em viajar pra Nova Iorque, o que era impossível pra um vendedor de batatas daquela época (ou até mesmo hoje em dia).
Vina e Dream viviam juntos, fumavam uns baseados, saiam pra curtir as noites cariocas, conversavam muito, dormiam fora, passeavam, ouviam música, até trabalharam no mesmo local, mais isso foi antes da mãe do Dream ficar cega e ter que ir trabalhar com o filho na feira, tirando assim o lugar que o Vina ficava.
No apartamento que o Vina morava, também tinha o seu tio – que eu não me recordo o nome –, um senhor que consertava televisores e rádios e tinha uma mania muito estranha, para dormir ele precisava ligar todos os aparelhos quebrados que estavam sob a mesa para consertar, só assim ele cobria-se todo e dormia profundamente.
Os pais do Vina não existiam mais. O seu pai era falecido, também tinha sido músico, sendo o principal incentivador do filho nessa carreira, pois o saxofone que o Vina carregava, era presente do falecido pai. Sua mãe era uma prostituta, se mantinha do trabalho e era a principal atração de um bordel da zona norte do Rio. Ela nunca saíra de cartaz, até quando morreu, em 96.
O Dream vivia com a sua mãe, que era viúva. A velha era cega e quase inconsciente, o que fazia a paciência do filho se esgotar muito rápido. Ele também morava lá no prédio, por sinal, em frente ao meu apartamento, assim como o Vina. Com o Dream eu conseguia conversar mais vezes, ele parecia mais aberto a papos com mulheres, já que então ele não tinha namorada, e talvez isso pudesse ser um problema pros homens daquela época.
Depois de alguns meses trabalhando no café de Ipanema, eu conhecia perfeitamente a rotina que o Vina tinha. Era um rapaz muito responsável. Ensaiava todos os dias com o Cazuza, participava dos shows daquele grande ídolo, mas nunca conseguiu reconhecimento maior, como por exemplo: o “grande saxofonista brasileiro” ou mesmo “o saxofonista do Cazuza”, nisso o garoto não brilhava muito. Ele tinha um belíssimo talento, tocava muito bem. O som que o Vina produzia com “o seu inseparável” era de enfeitiçar, ecoava pelas ruas como sendo um som divino, enviado dos céus.
Na primavera de 87, eu fiquei sabendo que os garotos (Dream e Vina) haviam planejado um assalto. Essa ação se sucederia no apartamento de dois velhinhos, recém ganhadores de algum grande prêmio; com esse assalto os malucos queriam sair da miséria.
Realizado o assalto, sem sucesso, o Dream foi baleado com uma pistola que o velho guardava em casa. O Vina não teve nenhum ferimento e não conseguiu roubar nada dos velhos.
Na noite do assalto, o Vina voltou pro prédio sozinho. O Dream havia morrido. Foi daí que eu consegui conversar melhor com ele, e, portanto ficar sabendo dos fatos que eu acabei de relatar. Conversamos horas, até que chegou um momento que eu não agüentava mais, precisava pedir pro Vina um favor. Aquele dia era o momento ideal da minha fertilização, o que me fez transar com diversos caras, pois tinha posto na minha cabeça de querer um filho. Transando então com diversos homens, eu não saberia qual seria o pai e esse era o meu propósito. Então surgiu o meu pedido:
– Vina, eu quero transar com você! Assustado o Vina me respondeu:
– Porra Bel, nós nunca conversamos direito e quando rola um papo você me pede algo desse tipo, o que você tem na cabeça?
– Eu quero ter um filho.
– E você por acaso sabe se eu quero tê-lo também?
– Eu já transei com diversos homens hoje, não quero pai pro meu filho, quero tê-lo sozinha, só pra mim. Depois da minha resposta, tirei a blusa e empurrei-o pra cima da sua cama, que na verdade de estrutura não tinha nada, só o colchão.
No dia seguinte, eu não esperei o Sol raiar, resolvi desaparecer, mas antes eu precisava saber se havia funcionado o meu “plano” e algum daqueles espermatozóides que eu havia “colhido” no dia anterior tinha fecundado os meus óvulos. Não foi possível saber de imediato, porque era preciso dinheiro pra fazer o exame, mas eu não havia recebido o meu salário e não tinha a péssima mania de guardar dinheiro... Sim! A péssima mania de guardar dinheiro, porque pra mim dinheiro não se guarda se gasta.
Depois disso não voltei mais no prédio, a não ser numa tarde do fim do ano, pra buscar minhas coisas e cair fora. Naquela tarde encontrei com o Vina, que me recebeu com um belo sorriso no rosto, perguntando:
– Deu certo Bel?
Eu respondi que sim com o movimento da cabeça e sai, pelo grande corredor do prédio, sentindo o vento bater nos meus cabelos. Aquele foi o último momento que eu vi o Vina, mas fiquei sabendo que ele continuou tocando o sax, até quando não pôde mais por conta da velhice e morreu.

domingo, 8 de janeiro de 2012

Fotografia

Hoje eu estive vendo fotografias antigas. Elas passavam por entre meus dedos e sob meus olhos, mostrando-me todas as lembranças, que durante dezessete anos eu guardo num álbum. Que saudade! Rever momentos da minha infância, saber que num piscar de olhos eu cresci, criando motivos para lutar e seguir em frente.
Nesse “estar com fotografias” uma específica me chamou bastante atenção. Nela, estava contido um momento de 95, em frente a minha casa, eu e minha mãe. Éramos mais jovens, mais livres, talvez até mais felizes. Minha mãe sorria para o fotógrafo, de certo, meu pai. Era um sorriso que além de alegria, trazia um intenso amor. Amor que nos penetra, nos faz sentir dor, mas que nos deixa livre dos perigos, pois sem saber, estamos envolvidos num grande manto de sentimento, e tudo nos faz crer que nada vai nos atingir.
A imagem trazia a minha casa como plano de fundo. Mostrava que naquele ano as estruturas arquitetônicas eram outras. As casas portavam outra aparência, respiravam outro ar; a rua apresentava-se mais arborizada, e por mais que fosse um dia ensolarado, a pessoa que passava na rua, naquele instante do clique – um homem desconhecido –, parecia satisfeito com o clima, mas também parecia satisfeito com a época, com a vida, com as pessoas. Ele não pareceu notar que pertenceria, a partir daqueles passos, a uma fotografia de desconhecidos, e que ficaria para sempre grampeado a uma lembrança, a um tempo.
Atrás de nós, na fotografia, havia um carro, que para a época, parecia bastante ousado. Não vivíamos mal, mas o que nos faltou foi medo, medo do que poderia nos vir a acontecer, medo do que poderia ter sido e não foi.
Depois dessa recordação, eu acredito que tudo passa, magnificamente, passa. Mesmo fechando os olhos e fingindo não viver, eu vivi, contei o tempo, quis voltar atrás, quis ter mais, viver tudo de novo, mas me faltou espaço, e hoje eu realmente não posso tê-lo de volta. Nunca mais! 

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Quase Nada

Era uma tarde de Dezembro, ano de 2000, vínhamos morar ali porque estávamos fugindo do que o meu marido chamava de perseguição perigosa; completamente horrorizada acompanhei-o até perceber que aquilo era uma loucura para um ato não cometido antes daquele verão. O meu marido sempre gostou da zona rural, por mais que eu o dissesse que na cidade nós iríamos melhorar de vida, ele ainda assim teimava comigo, contrariando as minhas afirmações e conseqüentemente me convencendo que o chão vermelho e os gados poderiam nos causar bens maiores. 
Não era de se acreditar, vendo um homem forte como o meu se despedaçado de medo por conta da sua atitude erronia com o seu antigo patrão. É compreensível a suspeita que ainda houvesse alguém para nos punir, porém sempre preferi acreditar que por mais que o ato tivesse sido desonesto ele não aconteceu e isso anulava qualquer atitude ruim que se aproximasse da gente. Não foi fácil tentar convencê-lo que nada de mal iria nos prejudicar, ele sempre mostrava contrariedade quando eu tocava no assunto da tentativa de roubo dos bois, era como se o torturassem. Ficava zangado, queria me bater, mostrava pavor e impulsividade quando eu chamava-o para conversar, e na mesa da casinha de sapé, dizia:
- Homem deixe disso. Mostre sua valentia! Corra por esses pastos, vá tanger as vacas, tire o leite; esqueça a história de que o Coronel Felizardo ainda está nos controlando, este miserável já deve está morto e enterrado. Ande, vá tirar o leite das vacas!
Ele saia bravo e desordenado, trocava os pés quando ia andar. Era suplicante vê-lo cair em tal desespero sem ações ruins pára conosco existirem. Tinham dias que eu ajudava-o com a tirada do leite, nesses dias eu via o sorriso transparecer em seu rosto, mas por trás desse sorriso era capaz ver bem fundo um medo avassalador, mas um medo que não era capaz de matar uma mosca sequer. Era inofensivo, ameaçava, logo em seguida corria.
As noites que passamos nessa casinha, longe da cidade, foram noites impossíveis, nós não nos tocávamos, parecíamos estranhos um pro outro. Eu sempre procurava pôr um vestido mais novinho quando tomava banho ao entardecer, para provocar nele o desejo de irmos para cama nos amarmos. Quando eu passava minha mão gélida sobre o seu ombro, ele pousava sua mão sobre a minha mostrando um ato de irmandade, depois se deitava na esteira repousada no chão da sala, virava-se e ia dormir. Eram essas noites que eu chorava sob a meia-luz da Lua.
Passados alguns dias, nós adentramos o ano de 2001 e com essa virada eu supliquei muito que saíssemos dali, pois eu pressentia algo de ruim conosco. Não fui ouvida. Parecia que ele tinha sede de vingança, até já treinava atirar faca no tronco de uma árvore, como se fosse atirar a mesma em alguém ou mesmo no Coronel Felizardo, dono dos gados que ele meses antes pretendia roubar, mas o plano de furto não funcionou.
Foi exatamente no início do outono que eu me deparei com a morte dele. Não foi assustador, portanto não me ocasionou nenhum tipo depressão ou medo. Doeu-me muito ver meu marido morto pelas próprias mãos, depois de tomar uma super dosagem de Valeriano e morrer no celeiro onde estavam as vacas. A cartela onde estavam os 20 comprimidos ficou vazia sob a sua mão calejada e cansada de sofrer aquela condição de “quase nada”. 

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

A pior arma da vida


Foi importante o encontro daquelas almas, elas pareciam viver após tanto tempo de terem passado sem ver a luz da vida nos olhos. Era suficiente apenas o amor para alimentá-los, porque os abraços que se davam era de grandiosa necessidade, cujo amor se transmitia pelo ato de abraçar, e quando se tem amor nada mais se precisa.
Foi dado o adeus àquele pequeno lugarejo onde viveram por mais de vinte anos, momentos longos e de grandes dificuldades. Na bagagem traziam poucas coisas, tão poucas que não se era preciso transporte para levá-las até o novo endereço que não era nem tão perto, nem tão longe. Além dos utensílios necessários a qualquer pessoa, eles levavam consigo dois pequenos seres, uma menina que aparentava ter de cinco a seis anos e outro, que se mostrava mais esperto que a menina.
Caminharam por algumas horas porque não dispunham de carro; a felicidade era tão risonha sendo somente preciso a presença de pernas que os sustentasse o corpo já cansado de caminhar. Dobraram uma rua dando de cara com uma pequena casinha de cor branca, com um modesto jardim para que eles pudessem cultivar frutas e legumes e onde as crianças pudessem também brincar.  Nunca haviam pensado em recomeço, mas naquelas horas seguintes não pensavam mais em nada, só em recomeçar e caminhar sempre em frente esquecendo toda aquela vida exaustiva capaz de matar a quem fraco se portasse.
As crianças adentraram ali bem dispostas, prontas para brincar sem o cansaço trazido da viagem. Agora a nova casa também era um incentivo para as crianças irem à escola, porque de onde vinham não traziam nenhuma boa lembrança. Começaram então a brincar no jardim com um monte de areia que estava próximo a uma pequena casinha como se fosse um abrigo para cachorros. O casal foi ao encontro de uma porta que dava acesso a casa completa, lá se encheram de alegria, foi possível ver a dimensão da casa que ganharam da família; desde o casamento eles moravam em um bairro moribundo, onde nunca seria possível a felicidade completa, pois eram ameaçados de morte todos os dias. 
Os momentos bons só aumentarem depois daquela nova casa, nunca pensaram que um imóvel poderia causar-lhes tanta felicidade. Agora as crianças pareciam satisfeitas, iam à escola com vontade de aprender; o casal se amava cada vez mais, se olhavam orgulhosos de terem vencido tal obstáculo da vida, aqueles momentos ruins agora estavam tomados por um arquivo morto.
Eis que a felicidade não é eterna e certo dia o homem havia saído para comprar a ceia do dia, enquanto a mulher teria ficado em casa, arrumando os preparativos daquela última refeição juntos, porém de repente ouve-se um barulho, a mulher assustada corre até a porta dos fundos de onde o amado teria saído. Era possível avistar a cidade pela porta, as luzes do centro comercial próximo dali ainda não haviam acendido a luz do Sol ainda estava por se findar, quando desesperadamente ela direciona o olhar ao chão da porta e depare-se com ele morto, sob uma mancha enorme de sangue, capaz de sujar toda entrada daquela varanda branca como as nuvens. Atirada aos pés do amado, explica-lhe baixinho:
 – Meu amor a pior arma contida na vida eu usei contra ti: a traição. Perdoa-me! Ali ela permaneceu até as luzes acenderem e assim tirarem-na. 

domingo, 19 de junho de 2011

De volta

Passaram-se muitos tempos e foi em vão pegar no papel para tentar escrever uma linha se quer, era impossível arrancar alguma palavra desse meu interior vazio, mesmo que esta palavra explicitasse alegria ou tristeza. Mas o que importava não eram as produções, não se tinha algo para apontar como causador, não havia fatos, o que era o pior, o único responsável por tudo isso foi o tempo que paralisou a minha produção de escrever.
Não é fácil olhar para si mesmo e sentir que nada o que você pensa ou sente acaba sendo tão provável a ponto de ser passado para o papel. O seu eu – lírico acaba ficando como um balão, um balão cheio de gás, cheio de nada. Fica somente você e o seu reflexo, sem compreensão e aquele “amigo” que lhe acompanhava nos pensamentos e logo após passava a ser escrito no papel, sumia. Não foi diferente comigo, nada respondia aos meus gritos interiores, eram gritos de horror, era como se eu procurasse a minha sombra que nos acompanha em todos os lugares, em todos os tempos cronológicos, mas passou a não mais existir. Some e pronto, sem nenhuma explicação, sem adeus.
Presenciar diversos fatos, escutar tantas palavras, escrever tantas bobagens, apreciar tantas imagens e nenhuma delas me satisfazer. O que eu estava procurando? Será que eu havia me perdido de vez? O que aconteceu comigo? Aonde foram parar minhas palavras? Será que estavam embaixo da minha cama, com medo das minhas reações tão prováveis? Foram milhões de perguntas que ficaram sem respostas, e ficarão, a não ser que alguém, um dia, em algum lugar escute aqueles meus gritos de horror e possa me ajudar a compreender como as coisas mais banais acontecem e por qual explicação elas se esvaem no silêncio do infinito.
Agora não há mais tempo de seca, ficou somente um radicalismo, talvez seja uma mudança para modificar todas as palavras, tirando-as de sintonia, deixando-as desorganizadas sobre o papel, saindo sem freios como um monte de areia que cai sobre uma construção de edifícios. Tudo isso me fez enxergar o mundo sem limites, com calma, mas sem fronteiras. 

sábado, 18 de dezembro de 2010

Sem mudanças com a morte


A casa continuava na mesma sintonia, não aparentava ter havido ali uma morte na noite passada. Nós ficávamos perguntando como pessoas tão tradicionais poderiam permanecer tão irremissíveis como as mulheres e o homem naquele lar. Através das paredes escutávamos os risos e as conversas alegres de todos os dias, porque a morte seria agora um marco, como se delimitasse um tempo antes de ter acontecido o fato, e um tempo depois do fato ocorrido.
Os quinze dias finais foram limitados a um leito de cama hospitalar, onde só poderia comer frutas e legumes verdes ou se preferisse, uma sonda que lhe alimentaria com um líquido alvo e mal promovido de cheiro, mas que garantiam ter toda validez que ela precisava.  E era uma mulher forte, porém o tempo cumpriu o seu papel, deixou-a raquítica e pálida, com pele flácida e olhos sem visão; tudo o que ela mais amava em seu corpo havia sido destruído, e nem assim ela perdia a fé em viver e a força de vontade em lutar.
Não foi possível casar-se. Ela dedicava-se muito ao trabalho, e, portanto era muito atarefada em suas artes de costura para tirar do seu tempo alguns instantes para os homens que lhe faziam a corte, mas que não lhe agradava em nada. Viveu e morreu pelo trabalho, porém ficou impossibilitada de trabalhar seus últimos tempos, mas sua irmã cuidava de tudo, principalmente do seu dinheiro, pois seu interesse estava depositado naqueles tostões que recebia de sua aposentadoria gerada por invalidez e velhice. Sofreu um bocado, mas segundo seus familiares, após sua morte ela pôde descansar com sono eterno, viver da maneira que queria (festiva), sorrindo e brincando como desejava em vida.
Tudo não bastou, o que nos impressionava estava ligado à conseqüência gerada pela sua morte, e por um acontecimento tão triste não ter gerado nenhuma inflação em ânimos dos parentes. Os amigos daquela pobre mulher observavam em seu velório o comportamento de sua irmã e afilhada que tentavam alterá-los, mas o fingimento era sempre cortado com uma conversa nova que surgisse no ambiente, isso gerava certo comentário interno entre todos os presentes não-familiares, e também os que não a conheciam, mas andavam pela rua naquela noite e via tudo o que se passava num completo estado de nostalgia. 

Em memória a Josefa.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Uma carta sem sentido para alguém

Eu poderia lhe recitar palavras num momento tão perfeito como este, mas já é madrugada, e você não está tão presente como eu desejaria. E ainda que estivesse pertinho de mim, as palavras talvez não saísse, e me deixariam como sempre sem ter como agir. As palavras sempre são uma armadilha para aqueles que não conseguem completar o que dentro de si se manifestam, as coisas saem com um grau de intensidade enorme, e acabam por desmerecer os momentos mais simples que possam existir. Mas, ainda assim há necessidade de compreensão, e a maneira pela qual você me deixa falando sozinha, ou até busca contornar a minha forma cansativa de expor o que eu acho que esteja correto, me magoa, fere de tal forma magnífica, ela chega sem motivos, e quando dou por mim, elas ultrapassam as vertentes do que eu deveria controlar. Na verdade eu sempre escondo coisas de você, tentando evidenciar somente o que nos for realmente necessário, não quero acabar como tantas outras que buscavam melhorias em você, mas te faziam perder a vontade de tê-las por perto, e a falta de entendimento poderia nos prejudicar muito. E não pense que eu escondo segredos, escondo ou não exponho por não querer encher sua cabeça com problemas banais, com atitudes mimadas da minha parte, que só fazem de certa maneira aumentar o foco das mesmices do meu dia-a-dia. Deposito tanta coisa em você, e com a sua gentileza eu posso acreditar que não lhe faço mal, acredito que não lhe faça mal, porém elas poderiam tomar um rumo de solução sem que chegasse a você como um problema a ser resolvido a dois. Mesmo assim penso de uma maneira conjugal, somos ou não um casal?

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Extravagância

Possuir o seu corpo, navegar nos seus sonhos e levantar hipóteses certas dos seus pensamentos. Eu preciso que você me ame na mesma fantasia louca que eu te amo, e mesmo que eu não consiga tudo isso não irei desistir, mostrarei valentia em minhas atitudes, e enxugarei minhas lágrimas, precedidas de uma risada extravagante que eu darei quando você me implorar paciência, porque mesmo sendo impossível o que você me pede, eu vou acabar louca, muito mais do que você diz que eu seja.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Coragem e pudor para entender

Novembro sempre lhe remetia tristeza. Todo ano acontecia alguma coisa naquela data frustrante de nomenclatura vinte e três; e mesmo sendo em pleno verão, onde a estação costumava esquentar o sentimento das pessoas, com ela não, tudo acontecia diferente do esperado. E ela não gostava dessa idéia de ser diferente, passar pelas pessoas e ser percebida não pelo o que realmente queria, mas o que sua imagem costumava refletir aos outros. Estranhos ou não, esses indivíduos que a observava, acabava por lhe incomodar, e como sua vida estava de “pernas pro ar”, ela resolveu silenciar e não se perturbar com esses olhos monstruosos que lhe vigiava os passos.
Noite por noite ela derramava uma lágrima pela sua solidão rotineira que lhe fazia findar os olhos em completo desespero. Em determinados momentos seus refúgios ao ar da brisa molhada, incentivava sua melancolia em não possuir o que queria, e por motivos banais, podendo até ser depositado em seus êxitos de fracasso pelo medo de mostrar o quanto era grande seu coração. Calava, tentava irresistivelmente reverter a sua condição penosa, mas mesmo assim o deus que acreditava não estava sendo invocado tão fortemente como as pessoas amigas lhe diziam, e ela tentava pensar que não, porque se assim fosse, não poderia ter conquistado o que mais desejava em sua vida, e essa vitória não se deu por rezas, porque ela não acreditava em rezas, e sim em buscas inesperadas e também em sua fé.
E os dias passavam. Não agüentava passar sua vista nos ponteiros do relógio e ver que por ela, eles nada faziam. Cruel. Não pensou em desistir, por mais que tantas vezes o desespero batesse em sua porta, e intercedesse pela sua desistência nessa situação ao qual se encontrava sem solução. Por muitas vezes pensava não ter fé, mas eram nesses momentos de profundo declínio que as faces se mostravam claras, e trazia a ela que nada material poderia fazê-la desistir, aliás, ela era tão forte espiritualmente, sendo possivelmente doloroso de aceitar, até porque a força de vontade que tinha não simbolizava completamente nada, o que lhe deixava sem ânimo, revertido talvez, mas que não lhe proporcionava o melhor do seu dia. A continuidade dos fatos não poderia ser contada de outra maneira, porque além de tudo, ela não era a menina sem defeitos como muitos pensavam que ela fosse; era normal, cheia de imperfeições, repleta de fantasias e assim como poucas pessoas, tinha sorte de possuir um grande amor.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Um marco

Sua pressão arterial havia subido muito. Depois daquele enorme dizer ela não sabia controlar seu coração e a pulsação que conduzia a velocidade de seus batimentos cardíacos. Sua reação poderia não ter sido uma das melhores, até porque ouvir algo daquela espécie era como conquistar a vida e a vitória de ter vindo e vivido o que realmente queria. Agora já poderia morrer, mas morreria realizada por tudo que estava fazendo ao lado dessa pessoa.
No dia anterior tinha escutado que ele era uma ótima pessoa, e ela não havia escolhido errado a quem deveria amar. Uma experiente tinha lhe dito o que passava em sua cabeça há séculos, poderia até ser citado que aquilo rondava a sua cabeça antes mesmo de tocá-lo, porque a certeza não era em vão, era algo imaterial.
Nada explicava o que acontecia com ela quando se aproximava dele, e sentir o seu rosto sonso observando os seus contornos era algo familiar, mais que carnal, eles já se amavam antes mesmo de nascerem.
Não foi preciso palavras no momento que antecedia sua revelação, a respiração paralisada dele foi o bastante para alertar que algo de novo iria acontecer, e quando antecedia sua fala por um silêncio curioso, ele não se continha, sabia da inquietação dela, e assim desabafava o que estava preso na sua garganta. E não foi diferente quando ele soletrou aquelas palavras com o olhar baixo, como se estivesse direcionado para os lábios dela, dizendo tímido e perguntando ao mesmo tempo se ela conseguia entender o que se revolucionava em seu peito. Nada o que ela temia lhe atingia naquele instante, e mesmo sem conhecer o futuro que tinha nas mãos, ela já se entregava por inteira, e estava protegida.
E depois daquele imenso carnaval em seu coração, em que ela poderia contribuir? Retornar a sua fala, repetindo o que ele havia dito, mas ela não estava pronta, tremia, só não chorava como imaginava que iria acontecer. Morria de medo que ele não entendesse o que ela estava sentindo, ela resolveu falar, e como falava demais, foi explicando o que estava sucedendo aquele marco em sua vida, e fez até uma comparação horrenda com um marco histórico, e deitado em suas pernas, ele mostrou um sorriso meio de lado, e levantou, beijando-a e abraçando-a como se tudo estivesse resolvido, mesmo sabendo que o seu futuro poderia atrapalhar a alegria que ela estava compartilhando com ele naquele momento, e alguns minutos atrás tinha tirado dela lágrimas sangrentas, aliás, ela sofria muito em pensar que tudo o que poderia afastá-los se resumia em tempo e espaço. Mas ele não se cansava. Repetia para deixá-la confiante que nada poderia separá-los, nem mesmo a morte!

sábado, 23 de outubro de 2010

Sua dor

Aquela menina no qual temia ter sonhos acabava de acordar de um deles, e mesmo que aquele sonho fosse o primeiro e o único da sua vida, ainda assim acordava feliz com a vida, porque agora muito melhor do que antes, seu erro lhe ensinara e não amaldiçoara a alegria, como sempre acontecia.
Acabava de acontecer um momento inesquecível. Ela aprendia a dividir seus dias, suas alegrias, suas felicidades, e como toda moeda tem suas faces, aprendera também o mais difícil: mostrar seu lado escuro, nem que assim tivesse medo das pedras que iriam lhe ferir.
E como o rumo das coisas não costuma acontecer como o esperado, àquela menina alguns minutos depois voltava ao comum. Ia em busca do seu walkman, num refugio próprio, deitada no sofá de casa, olhando pro teto, vivendo com aquele ambiente escuro, escutando sua música triste, enxugando suas lágrimas, lágrimas derramadas sem motivo, pois o que lhe incomodava naquele instante era apenas sua dor.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Destruição

Foram feitas muitas perguntas, e todas elas ficaram sem resposta, elas não tinham o que esclarecer, tudo estava tão óbvio naquele instante sendo até possível tirar a voz de quem fosse interrogado. E as perguntas não foram esclarecidas naquele ambiente, as pessoas estavam paralisadas e prontas para mais uma batalha de forças consigo mesmo. Refletiam raios de Sol nas faces amareladas de cada um ser, eram raios de solidão, pois, ninguém se atrevia falar nada, nem ao menos se olhar.
Então o silêncio foi cortado, não por palavras, mas por pensamentos. Uma delas resolveu imaginar que a distância pudesse permanecer se ela fosse fria o bastante para matar cada saudade que viesse lhe perturbar, já que então a tristeza que reinava dentro de si mesma estava tomando conta da sua alegria pequena.
Sentidos tais pensamentos, ela abriu os olhos, olhou em sua volta, e percebeu que tudo o que havia pensando não passava de uma imaginação horrorosa, porém que pudessem virar realidade se ela não corresse à busca da felicidade, que batia dilaceradamente em sua porta. Ela não perdeu tempo, correu e se cansou.
O que estava acontecendo agora? Por que qualquer partícula do que ele falava estava agravando tanto a sua tristeza? Ah. Tiveram respostas dessa vez, todos resolveram quebrar as “taças” daquela festa silenciosa, e, portanto deixavam vivas as memórias daquela criatura que não chorava por não ter mais o que sentir de ruim. Ela estava completamente acabada, o seu desespero agora não tinha mais razão, já que então as horas estavam passando, e todas as vezes que lembrava que aquele final de ano se aproximava se destruía um pouco mais.

sábado, 2 de outubro de 2010

Compreensão de mulheres

Havia duas mulheres, grandes em personalidade, duas guerreiras cansadas do tempo que tiverem antes de chegar até aqui. E depois que chegaram nada mudou, aliás, tudo piorou, ficaram ainda mais tristes e não se entendiam mais. Parecia mais o final do relacionamento das duas, não que fossem homossexuais, mas queriam uma o amor da outra.
Mesmo o sofrimento e todo o tempo que passaram juntas não foram capazes de fazê-las cessar as brigas, se entendendo de uma maneira amigável, achando uma solução de uma vez por todas concreta. Não foram capaz, elas eram grandes demais, orgulhosas demais e não poderiam se deixar cair em ladainhas pequenas, já que então o sentimento que guardavam uma pela outra era tão grande, capaz até de fazer com o que o orgulho viesse a falar mais alto.
Perderam tantas vezes a consciência. Falavam palavras fortes, tão fortes que depois de falarem, corriam pro quarto, e ficavam chorando, pedindo a Deus que a outra fosse capaz de baixar a cabeça e pedir desculpas. Mas tudo isso não tinha motivo, brigavam sem razão, e todas às vezes pareciam ser as mesmas, pois eram os mesmos motivos de sempre.
O que havia acontecido em tão pouco tempo? Elas agora estavam mais velhas, suficientemente velhas para se entenderem apenas num olhar vazio, mesmo que não dissessem nada, mas deveriam se entender. E é só isso que uma delas almeja a compreensão da outra.

sábado, 25 de setembro de 2010

Estou entregue ao destino

Hoje eu não estou com um pingo de vontade de escrever, e por ventura no meio de uma conversa cruel: a minha mãe e a minha tia estão falando ordinariamente de sexo. Tudo isso porque a minha tia tem problemas mentais os quais nos prejudicam, tirando da gente toda nossa paciência.
Não estou satisfeita, porque tenho problemas no amor, tenho problemas com a família, com a vida. Já não suporto a convivência tensa com essa rotina que me faz ser escrava da felicidade sem que haja uma merecida recompensa de tudo o que eu venho passando.
Os dias são dolorosos, e as minhas lágrimas estão escondidas por trás de sorrisos que eu mesma desconheço. Não acredito que exista um único motivo, mas sei que nada o que me faz sofrer é capaz de tirar de mim uma sequer alegria imensa.
Que Deus me guarde, porque meu corpo não existe mais de tanta fraqueza que venho passando.
Estou entregue ao destino!

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Uma realidade antiga

Era a semana da independência em todo o país, obviamente setembro de 68, e todas as pessoas sentiam que o clima iria esquentar naquela primavera. Nós estudantes de direito e membros do grêmio estudantil de uma universidade do Rio, estávamos integrados a um movimento revolucionário, o MR-8.
O nosso cansaço era mais que imenso, e a nossa felicidade estava indo embora, pois agora tomávamos conhecimento da presidência do coronel Garrastazu Médici. Com a doença do Costa e Silva quem deveria mesmo tomar o poder era o regime socialista, livre de qualquer censura e rebeldia da época.
Fomos juntados pelo destino: soldados nos prendiam com algemas, e nos conduziam até um camburão, neste seríamos transportados até a base da aeronáutica do Galeão, onde todos nós seguiríamos para o México, afinal, éramos os "verdadeiros bandidos" do Rio.
Naquele clima de tensão, subimos naquele Hércules 56, nome do jatinho que iria nos transportar até a Cidade do México, e de lá não sabíamos até quando tudo aquilo iria repercutir.
Alguns de nós ainda sonhavam em conseguir fugir daquelas Forças Armadas, e assim dar como exemplo a prisão do outro resto que ali ficasse. Porém nada caminhou como o pensado, e todos nós fomos conduzidos ao México. Foram horas de cansaço, pois o piloto que nos levava perdia tempo dando voltas sem destino, até, enfim, tomar seu rumo.
Chegamos lá por volta das 14 horas, e fomos recebidos pelo presidente, que, ao subir no jato, pediu imediatamente que tirássemos as algemas, fato que marcou nossas memórias, aliás, éramos "perigosos" no Brasil, e bons jovens no México.
A imprensa nos fez milhares de perguntas, todos nós tínhamos enormes cuidados com o que falaríamos, pois qualquer ideia esgotaria nossas vidas.
Caminhamos, logo depois daquela sessão cansativa de perguntas, para onde ficaríamos hospedados por longos dias de exílio. E foi então que dois de nossos companheiros conduziram nossos destinos, mudaram completamente nossos dias, fazendo uma das mais arriscadas ações daquela época: o sequestro do embaixador americano.
Todo país, comovido com a ação, se surpreendeu, ainda mais, quando viu em manchetes de jornais, que no carro, onde nossos companheiros teriam fugido, existia uma carta que trazia como escritura a libertação de 15 presos mandados para o exílio no México. Aliás, nenhum brasileiro sabia que fomos mandados para o México como perigosos. Agora todos estavam avisados como a ditadura ficava violenta e repressiva a quem não obedecesse a ela.
Depois de todos os confrontos, fomos libertados e voltamos para o Brasil. Alguns de nós continuaram na luta armada e foram mortos como forma de tortura logo após alguns anos. Quanto ao resto, alguns não sobreviveram, outros estão vivos até hoje, para contar como se sucedeu o sequestro de um embaixador americano no ano de 68.

sábado, 24 de julho de 2010

Homens

Um corpo delgado? Talvez seja isso que quase todos os homens gostam nas mulheres, e poucas vezes não importa o que elas trazem na cabeça (no sentido mais vulgar), o caráter passa despercebido e não se faz merecido de amor.
Forçadamente busca-se entender o que se passa no interior de cada pensamento masculino, mas que não resultam em bons resultados. A complicação tarda a aparecer pois a alma de um homem custa a compreender que existem pessoas ao seu redor, e que o ama dilaceradamente, e buscam nele a cumplicidade de um grande afeto.
Comoção é um dos fatores que não existem nas características deles, maioria investem na frieza, simbolizando no dizer do leigos "machos". E se foi este o padrão que a sociedade estabeleceu ao homem, acabou não satisfazendo as mulheres pois elas não buscam apenas proteção braçal, mas principalmente companheirismo.
Se eles reclamam não entender nosso parecer, deveriam parar e perceber, ou ao menos tentar buscar o que nos "fere", e assim reverter o que está errado, pois arrependimento não é sinal nenhum de troca sexual do prazer.
Confiem no sentimento que se propaga dentro de vocês!

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Mudanças

Mudei. Talvez tenho sido por conta da convivência com outras pessoas, com nova gente, com novas faces. O tempo sempre transforma as pessoas, e muitas dessas transformações são especiais na minha vida ou de outras qualquer.
A passagem para o futuro foi rápida e está sendo, num piscar de olhos, eu olhei em minha volta e vi que nada mais era igual a antes, na verdade todos minutos são diferentes, eles nunca se repetem, sempre trazem novidades, e sendo elas como forem, nós um dia lembraremos ou não.
Os meus objetos e meus pensamentos acabaram se misturando com as minhas transformações, e muitas das pessoas eram para ficar gravadas em mim, mas não foram responsáveis por nada na minha vida, nada de muito importantes.
Fico a olhar o horizonte e não imagino como posso ser daqui a alguns tempos, mas sei muito bem como foi no passado e ele não vai repetir no futuro, pois onde estou, estou muito bem.
Traçando metas e imaginando possibilidades que hoje estou como estou, e comprovo tudo o que eu fiz sem me safar de nada que já me veio a acontecer. Repeti muitos momentos, mas em nenhum deles fui a mesma, fui sempre acompanhada diferentemente aos encontros, trazendo sempre um boa conversa e buscando sempre bons pontos em comum.