quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Coragem e pudor para entender

Novembro sempre lhe remetia tristeza. Todo ano acontecia alguma coisa naquela data frustrante de nomenclatura vinte e três; e mesmo sendo em pleno verão, onde a estação costumava esquentar o sentimento das pessoas, com ela não, tudo acontecia diferente do esperado. E ela não gostava dessa idéia de ser diferente, passar pelas pessoas e ser percebida não pelo o que realmente queria, mas o que sua imagem costumava refletir aos outros. Estranhos ou não, esses indivíduos que a observava, acabava por lhe incomodar, e como sua vida estava de “pernas pro ar”, ela resolveu silenciar e não se perturbar com esses olhos monstruosos que lhe vigiava os passos.
Noite por noite ela derramava uma lágrima pela sua solidão rotineira que lhe fazia findar os olhos em completo desespero. Em determinados momentos seus refúgios ao ar da brisa molhada, incentivava sua melancolia em não possuir o que queria, e por motivos banais, podendo até ser depositado em seus êxitos de fracasso pelo medo de mostrar o quanto era grande seu coração. Calava, tentava irresistivelmente reverter a sua condição penosa, mas mesmo assim o deus que acreditava não estava sendo invocado tão fortemente como as pessoas amigas lhe diziam, e ela tentava pensar que não, porque se assim fosse, não poderia ter conquistado o que mais desejava em sua vida, e essa vitória não se deu por rezas, porque ela não acreditava em rezas, e sim em buscas inesperadas e também em sua fé.
E os dias passavam. Não agüentava passar sua vista nos ponteiros do relógio e ver que por ela, eles nada faziam. Cruel. Não pensou em desistir, por mais que tantas vezes o desespero batesse em sua porta, e intercedesse pela sua desistência nessa situação ao qual se encontrava sem solução. Por muitas vezes pensava não ter fé, mas eram nesses momentos de profundo declínio que as faces se mostravam claras, e trazia a ela que nada material poderia fazê-la desistir, aliás, ela era tão forte espiritualmente, sendo possivelmente doloroso de aceitar, até porque a força de vontade que tinha não simbolizava completamente nada, o que lhe deixava sem ânimo, revertido talvez, mas que não lhe proporcionava o melhor do seu dia. A continuidade dos fatos não poderia ser contada de outra maneira, porque além de tudo, ela não era a menina sem defeitos como muitos pensavam que ela fosse; era normal, cheia de imperfeições, repleta de fantasias e assim como poucas pessoas, tinha sorte de possuir um grande amor.

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