domingo, 8 de janeiro de 2012

Fotografia

Hoje eu estive vendo fotografias antigas. Elas passavam por entre meus dedos e sob meus olhos, mostrando-me todas as lembranças, que durante dezessete anos eu guardo num álbum. Que saudade! Rever momentos da minha infância, saber que num piscar de olhos eu cresci, criando motivos para lutar e seguir em frente.
Nesse “estar com fotografias” uma específica me chamou bastante atenção. Nela, estava contido um momento de 95, em frente a minha casa, eu e minha mãe. Éramos mais jovens, mais livres, talvez até mais felizes. Minha mãe sorria para o fotógrafo, de certo, meu pai. Era um sorriso que além de alegria, trazia um intenso amor. Amor que nos penetra, nos faz sentir dor, mas que nos deixa livre dos perigos, pois sem saber, estamos envolvidos num grande manto de sentimento, e tudo nos faz crer que nada vai nos atingir.
A imagem trazia a minha casa como plano de fundo. Mostrava que naquele ano as estruturas arquitetônicas eram outras. As casas portavam outra aparência, respiravam outro ar; a rua apresentava-se mais arborizada, e por mais que fosse um dia ensolarado, a pessoa que passava na rua, naquele instante do clique – um homem desconhecido –, parecia satisfeito com o clima, mas também parecia satisfeito com a época, com a vida, com as pessoas. Ele não pareceu notar que pertenceria, a partir daqueles passos, a uma fotografia de desconhecidos, e que ficaria para sempre grampeado a uma lembrança, a um tempo.
Atrás de nós, na fotografia, havia um carro, que para a época, parecia bastante ousado. Não vivíamos mal, mas o que nos faltou foi medo, medo do que poderia nos vir a acontecer, medo do que poderia ter sido e não foi.
Depois dessa recordação, eu acredito que tudo passa, magnificamente, passa. Mesmo fechando os olhos e fingindo não viver, eu vivi, contei o tempo, quis voltar atrás, quis ter mais, viver tudo de novo, mas me faltou espaço, e hoje eu realmente não posso tê-lo de volta. Nunca mais! 

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