quinta-feira, 25 de agosto de 2011

A pior arma da vida


Foi importante o encontro daquelas almas, elas pareciam viver após tanto tempo de terem passado sem ver a luz da vida nos olhos. Era suficiente apenas o amor para alimentá-los, porque os abraços que se davam era de grandiosa necessidade, cujo amor se transmitia pelo ato de abraçar, e quando se tem amor nada mais se precisa.
Foi dado o adeus àquele pequeno lugarejo onde viveram por mais de vinte anos, momentos longos e de grandes dificuldades. Na bagagem traziam poucas coisas, tão poucas que não se era preciso transporte para levá-las até o novo endereço que não era nem tão perto, nem tão longe. Além dos utensílios necessários a qualquer pessoa, eles levavam consigo dois pequenos seres, uma menina que aparentava ter de cinco a seis anos e outro, que se mostrava mais esperto que a menina.
Caminharam por algumas horas porque não dispunham de carro; a felicidade era tão risonha sendo somente preciso a presença de pernas que os sustentasse o corpo já cansado de caminhar. Dobraram uma rua dando de cara com uma pequena casinha de cor branca, com um modesto jardim para que eles pudessem cultivar frutas e legumes e onde as crianças pudessem também brincar.  Nunca haviam pensado em recomeço, mas naquelas horas seguintes não pensavam mais em nada, só em recomeçar e caminhar sempre em frente esquecendo toda aquela vida exaustiva capaz de matar a quem fraco se portasse.
As crianças adentraram ali bem dispostas, prontas para brincar sem o cansaço trazido da viagem. Agora a nova casa também era um incentivo para as crianças irem à escola, porque de onde vinham não traziam nenhuma boa lembrança. Começaram então a brincar no jardim com um monte de areia que estava próximo a uma pequena casinha como se fosse um abrigo para cachorros. O casal foi ao encontro de uma porta que dava acesso a casa completa, lá se encheram de alegria, foi possível ver a dimensão da casa que ganharam da família; desde o casamento eles moravam em um bairro moribundo, onde nunca seria possível a felicidade completa, pois eram ameaçados de morte todos os dias. 
Os momentos bons só aumentarem depois daquela nova casa, nunca pensaram que um imóvel poderia causar-lhes tanta felicidade. Agora as crianças pareciam satisfeitas, iam à escola com vontade de aprender; o casal se amava cada vez mais, se olhavam orgulhosos de terem vencido tal obstáculo da vida, aqueles momentos ruins agora estavam tomados por um arquivo morto.
Eis que a felicidade não é eterna e certo dia o homem havia saído para comprar a ceia do dia, enquanto a mulher teria ficado em casa, arrumando os preparativos daquela última refeição juntos, porém de repente ouve-se um barulho, a mulher assustada corre até a porta dos fundos de onde o amado teria saído. Era possível avistar a cidade pela porta, as luzes do centro comercial próximo dali ainda não haviam acendido a luz do Sol ainda estava por se findar, quando desesperadamente ela direciona o olhar ao chão da porta e depare-se com ele morto, sob uma mancha enorme de sangue, capaz de sujar toda entrada daquela varanda branca como as nuvens. Atirada aos pés do amado, explica-lhe baixinho:
 – Meu amor a pior arma contida na vida eu usei contra ti: a traição. Perdoa-me! Ali ela permaneceu até as luzes acenderem e assim tirarem-na. 

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