domingo, 4 de abril de 2010

Santa

Uma hora, ao meio-dia.
A Santa estava na mesa, enfrente à vela de 7 dias, quente como o dia quente.
A avó deitada, doente, na cama, e o resto pelo resto da casa.
Era dia de entregar a santa na casa próxima, meio-dia, imagine o sol como estava quente...
Bem, já era de praxe a situação:
No dia anterior, o garoto recebia a santa, colocava na mesa, acendia a vela, rezava e depois depois. No outro dia, era o garoto que fazia a oração de despedida e depois ia entrega-lá.
Nesse dia, algo era incomum. Quando o moleque se sentou na mesa para rezar, o clima já estava pesado. A casa cheia e ninguém lá com ele. Alguns disseram que já haviam rezado...
Depois de terminar, quando foi se levantar para apagar a vela e levar a santa, a mulher da imagem o fitou, com aqueles olhos verdes – ou era uma outra cor – e ficou assim. O menino olhou para ela, pensou. Teve medo. O que era aquilo? Choro? Também, se fosse isso meu amigo, teria razão. O menino rezava sem vontade, como obrigação. Da casa ele era o único que não acreditava em Deus, e da casa ele era o único que rezava com a santa. Oh! Bem, a santa continuava olhando-o, e olhando e afastando-o.
O moleque a apanhou pela mão, soprou a vela e sorriu.
Já se haviam passado umas três ruas da sua casa, e quando foi atravessar a avenida, o moleque não percebeu, mas um carro “alcoolizado” entrou no meio, justo quando o menino estava no meio. Mas nada aconteceu ao garoto. Bem, ele ficou com uma zoada no ouvido. O erro veio na santa, ela foi jogada no chão e o carro passou por cima. Ah, o carro saiu voando e entrou 4 ruas depois....
O menino foi até o local que pretendia ir, contou o acontecido e foi uma história como só. Se passou os minutos e o garoto voltou para a casa, não ficou nenhum pouco devoto a mais, só surdo a mais.
Quando entrou na sua rua, o menino viu o carro “alcoólatra” na frente de sua casa, e o monte de gente também. Vieram seus amigos e lhe contaram o acontecido, a nova história. O menino se jogou no chão, com sua lágrima preta de poeira descendo junto, ao mesmo passe.
A nova história era que uns homens, os do carro, entraram na sua casa, mataram os seus familiares, roubaram alguns objetos, fugiram e ainda mataram alguns vizinhos.
O moleque quase foi morto por eles, na rua, e preferia ter sido assim, ou ter sido nada, nem ele, nem os familiares e vizinhos. Ele acreditou nos seus amigos, nem Foi conferir, sentou-se ali. Não, não precisava conferir, era verdade. Depois vieram algumas mulheres, homens, pessoas, lhe puxavam pelo braço, abraçavam-se e choravam juntos.

Será que agora ele ia virar devoto?



Por: Ítalo Héctor de Medeiros Batista.

2 comentários:

  1. Aah *-* eu amei, sério. O texto é do Dido, isso?

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  2. Pobre Santa, coitadinho do muleque. Se fudeu! Boa história, mas, só fica interessante do meio pro final.

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