sábado, 23 de julho de 2011

Garçom

           - Alguma vez você já sentiu o blues correndo em suas veias, corroendo tudo e deixando apenas a efemeridade de um vazio impreenchível numa daquelas noites em que você percebe que não é nada? Ah sim, você sabe do que eu estou falando!
            Mentiras são verdades contadas baseadas naquilo que queremos acreditar. Conte-a uma vez e você estará mentindo. Conte-a outra vez e ainda assim, será uma mentira. Conte-a centenas de vezes e terá uma verdade.
            Nós? Nós somos feitos de mentiras, somos construídos e baseados nelas. Todos os dias abrimos a janela do nosso ego para o jardim de nossa subjetividade e lá está, tudo no exato local em que deixamos quando as luzes se apagaram e fomos dormir.
            E é assim que, ao menor indício de uma contrariedade naquilo que construímos e acreditamos ser perfeito, nos desestabilizamos de nossos propósitos. Colocamos nossas bases em fatores externos, totalmente alheios à nossa sensação de controle, seja um relacionamento, uma conquista, uma estabilidade, um estado de espírito. E, de repente acordamos de manhã, olhamos rapidamente e notamos que alguém veio, pisou em nossa grama, esmagou nossas flores e destruiu nosso sonho.
            Perdemos o rumo por medo, medo de perdermos aquilo que alcançamos. E então paralisamos. O medo se torna o caminho para o lado negro. Para o caos. Mas e se o aqui, o agora, já não é o caos? E se o caos esteve presente o tempo todo e nós que construímos barreiras, ficamos cegos, baseados no que vemos e não no que sentimos? Quem é capaz de ter certeza absoluta quando a verdade e a mentira tem o mesmo significado? Ou mesmo, quando não existe verdade absoluta e as mentiras são verdades questionáveis?
            - Não faço idéia meu senhor, sou só um garçom. Mas acho que o senhor deveria parar por hoje.
            - Sou filho do ceticismo e amante do caos que é viver meu caro! Portanto pare de mazelas e encha logo este copo com mais uma dose. Preciso matar algumas verdades!

terça-feira, 12 de julho de 2011

O dedo

      O dedo
É como um espinho
    Em um altar
– Do crime –.
E o vento
                E o sal
                E as ondas do mar
                Servem-lhe com um farou
                D’onde se partem as horas
                Afim de se concretizar
                Se não quebrar...


Por: Ítalo Héctor de Medeiros Batista