quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

A gata Betty

      Era uma vez uma gata chamada Betty. Ela já estava velhinha, mas ainda parecia radiante.
    Betty andava pela rua com seu rabo levantada para cima e dançando, mas ela não mais corria.
    Ás vezes sentia-se emburrada, pois sua antiga dona, uma garotinha, havia lhe deixado com sua avó na antiga casa onde morava. A gata pensava “Por que não me deixaram ir, como fizeram com meus irmãos?”.
    No começo foi legal ter sido escolhida, mas agora que era esquecida... Nunca havia lhe faltado nada, mas agora que havia ausência de felicidade...
    Certa vez perdeu uma cria novinha que foi mordida por um morcego na frente da própria Betty.
    A coitada passava a tarde inteira na calçada de sua casa, sob uma árvore – aproveitando a sombra, claro. Parecia uma velha fuxiqueira, olhando de um lado para o outro.
    Havia se tornado um animal amargo, sem amor. Se qualquer pessoa ousasse tocar-lhe, ela saia de perto (não corria, lembra?), miava e fazia beiço. Nunca mais dera outra cria.
    A solidão de Betty era tamanha, as pessoas já não se importavam com a gata e ninguém a chamava pelo nome, ela também já havia esquecido qual era, por tanto, se você a chamasse gritando-o, muito provavelmente ela não atenderia ao chamado. Só o faria se estivesse realmente curiosa, interessada ou se sua voz fosse bonita.
    E agora, o que seria de Betty? O que seriam de suas tardes? E quando percebesse que havia perdido tempo demais, morreria de angústia, tristeza? Por que ninguém a fazia correr, ou então lhe pegava no braço e mostrasse-a que existia amor? Betty sentia-se como se não pudesse nem mais se expressar, e era totalmente verdade...

Por: Ítalo Héctor de Medeiros Batista

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