Sou muito mais por dentro que por
fora. Meu interior não corresponde ao meu exterior. Eu não expresso aquilo que
sou intimamente. Meus atos não demostram o que sinto. Sou alguém por dentro,
mas outro por fora – Eu sou o que não sou. Por dentro eu ajo de maneira diferente
daquela que eu faço no mundo concreto. Como se não bastasse, por minha falta de
clareza nos atos, por minha confusão interior, as pessoas sempre me interpretam
de modo diferente daquele que fui, lembrando que eu mesmo já havia agido de maneira
diferente da que eu sou em meu íntimo. Portanto, além de existirem dois ‘’eu’s’’, há mais um, que nunca vi, que é
mais dos outros do que meu, que me é indiferente, e que nunca é o mesmo. Existe
tanto de mim no mundo, mas eu mesmo
não existo!
Eu penso que sei quem sou para
dentro de mim. Não consigo encontrar minha essência, ou talvez a saiba, mas não
a admita, porque simplesmente não gostaria de sê-la.
É como se a matéria fosse incapaz de
transmitir aquilo que, de fato, eu sou! Eu não vivo nada para saber o que eu
faço de verdade. Tudo fica apenas na ideia transcendental. É insuportável!
Sempre me perco em meus gestos, sinto-me cada vez mais frio. Falta-me viver por
fora!
Eu sou o que não sou. Ou será que a
verdade é que não sou o que sou? Só sei que para os outros eu pareço ser muito
mais diferente daquilo que acabei sendo.
Estou perdido.